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Uma megacidade que será feita na Arábia Saudita foi escolhida para acolher os Jogos de Inverno da Ásia. COI diz que “não foi consultado”

Regras do COI determinam que se deve dar “prioridade clara” às candidaturas com instalações já construídas, mas sauditas venceram o processo para receberem os Jogos asiáticos de inverno de 2029 apresentando um projeto de €500 mil milhões, no qual se construirá um novo complexo no deserto

Pedro Barata

MANAN VATSYAYANA/Getty

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O complexo Trojena, inserido no projeto Neom, deverá estar concluída em 2026, custando ao reino da Arábia Saudita cerca de €500 mil milhões. Apresentando por Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro, em março, o projeto verá erguer-se uma megacidade, com “instalações de ski, hotéis luxuosos, lojas e restaurantes, atividades desportivas e uma reserva natural”, explicou, na altura, a agência de notícias do país.

Na terça-feira, a Arábia Saudita comunicou ter vencido o processo para acolher os Jogos Olímpicos de Inverno da Ásia, em 2029, justamente na futura megacidade. A escolha levantou imediatamente dúvidas, dado que boa parte da Arábia Saudita é coberta por deserto, sem neve nem infra-estruturas ou tradição de desportos de inverno.

A construção de toda uma cidade na qual se acolherá Jogos Olímpicos de Inverno vai contra a Agenda 2020+5 do Comité Olímpico Internacional. Segundo esta, deve ser dada, por razões de sustentabilidade, “prioridade clara” a candidaturas com instalações já construídas. Se estas não existirem, o uso de infra-estruturas temporárias é “encorajado”, disse um porta-voz do COI à Reuters.

Perante isto, o Comité Olímpico Internacional foi questionado pela Reuters. O COI que “não foi consultado” no processo de escolha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Ásia de 2029, sublinhando que a sustentabilidade é “chave” para a entidade, daí a preferência por instalações que já existam, em linha contrária à construção de uma megacidade no deserto saudita.

Ao acolher os Jogos Olímpicos de Inverno da Ásia, a Arábia Saudita continua na sua aposta pelo investimento no desporto. O reino já é dono, através do Fundo de Investimento Público, do Newcastle, tendo organizado, recentemente, competições de Fórmula 1, golfe ou futebol no país.