PSG e Leipzig abrem as meias-finais da Liga dos Campeões esta terça-feira (20h, Eleven Sports), na Luz, com um jogo que deverá colocar duas enormes individualidades - Neymar e Mbappé - contra um coletivo bem oleado, antecipa o analista Tiago Teixeira
Depois de eliminar a Atalanta nos quartos-de-final, e consequentemente ter igualado a melhor prestação da sua história – a única vez que tinham alcançado as meias-finais foi na época 1994/95 -, o PSG de Neymar, Mbappé e companhia procura agora garantir um lugar na tão aguardada final da Liga dos Campeões.
Pelo caminho, tem o Leipzig de Julian Nagelsmann, pela primeira vez numa meia-final da Liga dos Campeões, e que demonstrou mais uma vez, ao eliminar o Atlético de Madrid, ser uma equipa muito bem preparada coletivamente em todos os momentos do jogo.
Espera-se, por isso, um jogo muito equilibrado, com duas equipas a procurar jogar um futebol apoiado e sempre com os olhos postos na baliza adversária. O PSG mais dependente dos rasgos individuais de Neymar e Mbappé e o Leipzig cuja maior força será o coletivo.
DAVID RAMOS
PSG
O guarda-redes Keylor Navas é a grande baixa para o jogo das meias-finais, mas nem tudo são más notícias. Com Di Maria disponível, após ter cumprido um jogo de suspensão frente à Atalanta, e com o previsível regresso de Mbappé ao onze inicial, Tuchel ganha mais soluções ofensivas.
Não é de todo improvável que o técnico alemão apresente um sistema diferente daquele que usou contra a Atalanta (a utilização de Marquinhos como central ou médio-defensivo permite mudar dentro do próprio jogo), como por exemplo o 3x4x3, com Neymar, Mbappé e Di Maria muito móveis na frente de ataque, relegando Icardi e Sarabia para o banco de suplentes.
Com o argentino, o PSG ganha mais um criador (Di Maria tem feito uma grande época no que diz respeito a servir as zonas de finalização) e, com o francês, maior capacidade de atacar a profundidade e de desequilibrar em velocidade nos corredores laterais.
Ao contrário do que aconteceu contra a Atalanta, quando Neymar enfrentou muitas vezes situações de 1x1, provocadas pelas referências individuais que os italianos usam no momento defensivo (ver parte inicial do vídeo seguinte e reparar no espaço nas costas do jogador da Atalanta na marcação a Neymar), o Leipzig terá mais atenção às coberturas defensivas, sendo por isso fundamental maior proximidade entre elementos para que Neymar possa combinar e progredir.
Mas será sempre ele, com menor ou maior dificuldade, o grande perigo para a organização defensiva do Leipzig.
É também de esperar um PSG muito perigoso nos momentos de transição defesa-ataque, dada a qualidade e velocidade com que os três da frente conduzem a bola em direção à baliza adversária, e o facto do Leipzig, ainda que bem preparado para a perda da bola, envolver sempre muitos jogadores no seu processo ofensivo.
Leipzig
O Leipzig encontrará frente ao PSG um contexto quase oposto ao que enfrentou nos quartos-de-final, contra o Atlético de Madrid, dada a diferença de estilos entre Simeone (mais preocupado com o controlo defensivo) e Tuchel (adepto do futebol ofensivo).
A sua organização defensiva será mais testada, tanto a nível do espaço entre linhas - será fundamental que mantenham o bloco defensivo compacto, para que Neymar não tenha tempo e espaço para desequilibrar pelo corredor central -, como ao nível do controlo da profundidade, onde Mbappé colocará muitas dificuldades através dos movimentos de rutura. Neste momento do jogo, deverão apresentar-se em 4x2x3x1, com a intenção de condicionar a primeira fase de construção do PSG.
Por outro lado, em ataque posicional, haverá mais espaço para aproveitar, dado que o PSG não tem tanta preocupação em ter sempre as linhas próximas, e os da frente são menos agressivos a recuperar defensivamente.
Embora seja difícil de adivinhar o que vai na cabeça de Nagelsmann, a hipótese mais provável é vermos novamente um ataque posicional em 3x1x5x1, com Laimer (médio centro em organização defensiva) a abrir mais no corredor direito, permitindo a Olmo (mais próximo de Poulsen), Sabitzer (fundamental na maneira como aproxima de Kampl) e Nkunku, jogarem em zonas interiores. Angeliño será o responsável pela largura no corredor lateral esquerdo.
Independentemente da estrutura tática escolhida por Nageesmann, é certo que iremos ver um Leizpig ofensivo, a usar muito os apoios frontais para explorar as costas dos médios do PSG, e a procurar chegar ao último terço de forma conjunta, como aconteceu no segundo golo frente ao Atlético de Madrid, onde estavam vários jogadores em zonas de finalização.
No jogo dos quartos-de-final frente à Atalanta, e apesar de ter pecado na finalização, foi o grande desequilibrador ofensivo do PSG, e espera-se que o mesmo suceda no jogo frente ao Leipzig. As prováveis presenças de Di Maria e Mbappé no ataque dão a Neymar mais soluções, seja ao nível do último passe, seja para combinar e progredir. É da sua qualidade técnica e criatividade que se esperam os melhores lances ofensivos.
No duelo dos quartos-de-final frente aos italianos, Mbappé entrou apenas aos 60 minutos, mas a sua qualidade foi desde logo sentida (vários desequilíbrios pelo corredor lateral esquerdo) e ainda foi a tempo de fazer a assistência para o golo da vitória, marcado pelo inesperado Choupo-Moting. Contra o Leipzig, é isso mesmo que se espera de Mbappé: desequilíbrios pelos corredores e muita capacidade e velocidade para explorar a profundidade através de movimentos de rutura.
Upamecano
Realizou uma enorme exibição contra o Atlético de Madrid, tanto a nível ofensivo (desequilíbrios em condução e através do passe) como a nível defensivo. Contra o PSG, terá pela frente jogadores que lhe causarão mais problemas, como Neymar e Mbappé, e as esperanças do Leipzig em garantir um lugar na final passarão muito pela qualidade da exibição de Upamecano.
Além de marcar o primeiro golo na vitória frente ao Atlético de Madrid, o criativo espanhol foi também muito importante em ataque posicional, pelo critério e qualidade técnica que ofereceu no espaço entre linhas. Contra o PSG, deverá jogar novamente no apoio a Poulsen, e espera-se que tenha influência em zonas de criação, desequilibrando em condução e no passe.