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A casa às costas

“Aos 13 anos perdi a minha mãe e o meu irmão num acidente. Muda tudo, a luz, tudo. O futebol ajudou-me. Vamos levando, não se ultrapassa”

“Aos 13 anos perdi a minha mãe e o meu irmão num acidente. Muda tudo, a luz, tudo. O futebol ajudou-me. Vamos levando, não se ultrapassa”
Ricardo Nascimento / Stills

Ricardo Nunes nasceu em Joanesburgo e era “unha e carne” com o irmão Miguel quando este faleceu, com a mãe, num acidente de automóvel. A vida do jovem jogador, então no Estoril Praia, nunca mais foi a mesma, mas o futebol ajudou a ir sarando uma ferida que nunca fecha. Cerrou os dentes e ficou ainda com mais certeza de que tinha de cumprir o seu sonho, e o do irmão, de ser jogador profissional. Chegou ao Benfica aos 16 anos, onde viveu de perto outro episódio marcante, a morte de Bruno Baião. Sem conseguir estrear-se pela equipa A, saiu do clube do coração aos 20, para a Grécia

Nasceu na África do Sul. Filho de quem?
A minha mãe, Maria de Lourdes, foi para Angola com o padrasto e a minha avó e conheceu lá o meu pai, Rui Nunes, angolano, que era jogador de futebol no Sporting do Huambo e foi internacional pela seleção de Angola, com 18 anos. Com a Revolução eles fugiram para a África do Sul, com uma mão à frente e outra atrás. O meu pai conta que estiveram nos campos de refugiados, em Joanesburgo. A partir dali arrancaram do zero, outra vez. O meu pai diz que teve oportunidade de vir para Portugal, até já tinha cá família, mas não sei para que clube nem porque não veio.

O que faziam os seus pais profissionalmente na África do Sul?
O meu pai tinha uma sociedade com um madeirense num hotel pequenino e tinha também um minimercado. A minha mãe era doméstica, ajudava quando podia, porque me tinha a mim e aos meus irmãos.

Quantos irmãos tem?
Tenho uma irmã mais velha, dez anos, e tinha um irmão mais velho, oito, o meu falecido irmão Miguel Nunes, que também jogou futebol. Nascemos todos na África do Sul.

Como perdeu o seu irmão?
Ele e a minha mãe tiveram um acidente de carro, em 1999. Morreram os dois. Ele era jogador do Belenenses, no 1.º ano de sénior foi emprestado ao Olhanense, com o Rui Duarte, que era o melhor amigo dele, e no 2.º ano foi emprestado ao Fátima. Depois voltou ao Belenenses e tinha acabado de ficar no plantel principal, com o mister Vítor Oliveira, quando teve o acidente, à frente praticamente do Centro Cultural de Belém.

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