Quando o seu empresário lhe falou na possibilidade de jogar no CFR Cluj, da Roménia, já alguma vez lhe tinha passado pela cabeça sair do país?
Não, não tão cedo e muito menos para a Roménia, com muito respeito, porque foi um país fantástico onde gostei muito de viver. Foi dos meus melhores anos, mas quando me falaram da Roménia eu tinha a imagem que toda a gente em Portugal tinha, de que era um país pobre, de ciganos. O meu empresário já tinha alguns jogadores lá e para me convencer fez um almoço em casa dele com alguns desses jogadores, o Rui Pedro, o Ronny, brasileiro, o Leão, que jogou no Rio Ave, e eles disseram-me aquilo que depois confirmei. O clube era excelente, tivemos a oportunidade de jogar a Liga dos Campeões, a cidade era ótima, as pessoas eram super simpáticas.
Quais foram as primeiras impressões quando lá chegou?
Inicialmente não fui para a Roménia. Um dia ia para o Porto com a minha mulher, namorada na altura, e o meu empresário ligou-me a perguntar se podia encontrar-me com ele. Ele estava com o diretor-geral do Cluj. Foi aí que aceitei. Ele pôs-me o contrato à frente e em termos financeiros era um salto brutal.
O que quer dizer com brutal?
Se do Boavista para o FC Porto foi três vezes mais e quando assinei pelo Rio Ave foi três vezes mais, quando assinei pelo Cluj foi cinco vezes mais em relação ao que recebia no U. Leiria.
Mas foi emprestado pelo Rio Ave, certo?
Sim, só que o Cluj ficou com opção de compra, que teria que ser aprovada por mim. Acabei depois por não aceitar. Ainda houve algum impasse porque o FC Porto tinha alguns direitos e eles estavam a salvaguardar a sua parte e a minha transferência atrasou-se. Ou seja, quando fui ter com a equipa já eles estavam na Áustria, na pré-época. A primeira noite foi muito difícil.
Porquê?
Fiquei a saber que quando a pré-época acabasse eu ia diretamente para a Roménia e aí apanhei um choque. Posso dizer que nessa noite chorei mesmo. Fiquei muito triste, muito angustiado por saber que ia estar sem ir a Portugal no mínimo durante seis meses. Mas tive muita sorte com o grupo, éramos sete ou oito portugueses, todos me ajudaram muito, estávamos sempre todos juntos.
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