Nasceu em Lourosa. O que faziam os seus pais profissionalmente? Tem irmãos?
O meu pai era motorista de camiões e a minha mãe cuidava de nós, porque o meu pai não passava quase tempo nenhum em casa, às vezes estava mais de uma semana pela Europa, com o TIR, a fazer o trabalho dele. Tenho um irmão mais velho quatro anos, o João, que também era jogador e que acabou a carreira no ano passado.
Deu muitas dores de cabeça?
Não. Eu era muito calminho. O meu irmão é que era o agitado, eu era o outro lado da balança, era o que mantinha o equilíbrio.
O que queria ser quando fosse grande?
Curiosamente quando era pequeno nunca tive o futebol como objetivo, aliás, o futebol foi um pouco por arrasto do meu irmão e do meu avô materno. Quando era pequeno tinha o sonho de ser piloto dos caças da Força Aérea. Era isso que queria ser. O meu primeiro desporto até foi natação, a conselho do médico.
A conselho médico porquê?
Porque eu era muito magrinho, muito franzino, e ele disse que podia ajudar a desenvolver-me. Só que eu não gostava muito da natação e acabei arrastado pelo meu irmão, louco por futebol, muito mais do que eu, ainda hoje, para o campo de treinos do Lourosa, o clube da minha terra. Aos domingos à tarde não estava lá ninguém e ele levava-me com ele para ir jogar com os amigos. Tinha sete anos. Comecei a ganhar o bichinho, destacava-me no meio dos amigos do meu irmão.
Da escola, gostava?
Sim, eu era o melhor aluno da minha turma. Sempre fui, até ao 9.º ano. Mas devido ao futebol acabei por me desleixar um pouco e aos 17 anos tive mesmo de tomar uma decisão porque estava no Boavista e o mister Jaime Pacheco queria que passasse para equipa principal. Juntando a isso os estágios das seleções jovens a que eu ia, não era possível conciliar. A universidade acabou por ficar em stand by. Tenho o 12.º ano.
Tinha pensado entrar na faculdade em que curso?
A universidade era um objetivo, porque as minhas notas eram mesmo muito boas. Eu estava em Ciência e Tecnologias, passou-me pela cabeça entrar em medicina, mas o futebol acabou por meter-se pelo meio.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: AAbreu@expresso.impresa.pt