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A casa às costas

“Ouvi o presidente dizer a um jogador com ordenados em atraso: 'Se precisares de uma sopa podes ir lá a casa que eu dou-te uma sopa'”

“Ouvi o presidente dizer a um jogador com ordenados em atraso: 'Se precisares de uma sopa podes ir lá a casa que eu dou-te uma sopa'”
Clive Mason

Ivo Pinto, de 33 anos, queria ser piloto de caças da Força Aérea, mas acabou a "imitar" o ídolo Bosingwa que, tal como ele, também deu os primeiros passo no Boavista. Quando o viu, Jaime Pacheco disse-lhe logo que as suas pernas pareciam dois palitos e que eram para encher. Chegou ao FC Porto de onde, sem conseguir impor-se, saiu emprestado para o Gil Vicente, V. Setúbal e SC Covilhã. Assinou depois pelo Rio Ave, antes de iniciar a aventura pelo estrangeiro e sobre a qual falamos na segunda parte deste Casa às Costas

Nasceu em Lourosa. O que faziam os seus pais profissionalmente? Tem irmãos?
O meu pai era motorista de camiões e a minha mãe cuidava de nós, porque o meu pai não passava quase tempo nenhum em casa, às vezes estava mais de uma semana pela Europa, com o TIR, a fazer o trabalho dele. Tenho um irmão mais velho quatro anos, o João, que também era jogador e que acabou a carreira no ano passado.

Deu muitas dores de cabeça?
Não. Eu era muito calminho. O meu irmão é que era o agitado, eu era o outro lado da balança, era o que mantinha o equilíbrio.

O que queria ser quando fosse grande?
Curiosamente quando era pequeno nunca tive o futebol como objetivo, aliás, o futebol foi um pouco por arrasto do meu irmão e do meu avô materno. Quando era pequeno tinha o sonho de ser piloto dos caças da Força Aérea. Era isso que queria ser. O meu primeiro desporto até foi natação, a conselho do médico.

A conselho médico porquê?
Porque eu era muito magrinho, muito franzino, e ele disse que podia ajudar a desenvolver-me. Só que eu não gostava muito da natação e acabei arrastado pelo meu irmão, louco por futebol, muito mais do que eu, ainda hoje, para o campo de treinos do Lourosa, o clube da minha terra. Aos domingos à tarde não estava lá ninguém e ele levava-me com ele para ir jogar com os amigos. Tinha sete anos. Comecei a ganhar o bichinho, destacava-me no meio dos amigos do meu irmão.

Da escola, gostava?
Sim, eu era o melhor aluno da minha turma. Sempre fui, até ao 9.º ano. Mas devido ao futebol acabei por me desleixar um pouco e aos 17 anos tive mesmo de tomar uma decisão porque estava no Boavista e o mister Jaime Pacheco queria que passasse para equipa principal. Juntando a isso os estágios das seleções jovens a que eu ia, não era possível conciliar. A universidade acabou por ficar em stand by. Tenho o 12.º ano.

Tinha pensado entrar na faculdade em que curso?
A universidade era um objetivo, porque as minhas notas eram mesmo muito boas. Eu estava em Ciência e Tecnologias, passou-me pela cabeça entrar em medicina, mas o futebol acabou por meter-se pelo meio.

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