Foi sozinho para a Alemanha?
Sim. Mais adiante o meu irmão e um amigo foram viver comigo.
Como foi o primeiro impacto no Wolfsburg?
Cheguei com grande moral porque vinha de um clube como o Benfica e da seleção nacional. Trataram-me muito bem. Mas uma realidade completamente diferente da nossa.
Explique lá isso.
Enquanto em Portugal tínhamos tudo e mais alguma coisa, lá o jogador tinha de cuidar das suas próprias botas, tinha de carregar o material dos jogos... Não é que não respeitássemos os roupeiros ou os massagistas em Portugal, mas era uma forma de estar diferente. Ali um jogador de futebol era praticamente um funcionário de uma empresa, tratado da mesma forma que todos os outros funcionários do clube. Rapidamente apercebi-me que tinha de ser muito independente e de fazer as coisas porque ninguém iria fazer por mim; uma exigência tremenda naquilo que era o dia a dia. Uma metodologia de treino completamente diferente da nossa.
Em que aspeto?
Corríamos muito na floresta, de sapatilhas. Muitos testes físicos, um jogo muito mais de contacto, pouca estratégia, muitos duelos. Apanhei treinadores muito difíceis.
Qual deles foi o mais complicado?
À cabeça, disparado, o Felix Magath. No primeiro ano tive um treinador desconhecido [Holger Fach], mas no segundo ano apanhei o Klaus Augenthaler, que fora um central do Bayern Munique, uma referência na Alemanha. No segundo ano ainda joguei com ele, mas depois tive alguns problemas.