Nasceu em Guimarães. A infância foi passada onde?
Cresci no Bairro Pimenta Machado, a 1 km do centro da cidade de Guimarães.
O que faziam os pais profissionalmente? Tem irmãos?
O meu pai chamava-se Domingos, mas era conhecido por Flávio, que era o nome do meu avô. A minha mãe, que sempre foi doméstica, é Maria Alexandra. O meu pai teve uma profissão que praticamente já não existe. Era viajante. Percorria o país representando os artigos da empresa para a qual trabalhava, Têxteis-Lar. Faleceu em 2008, estava eu na Alemanha a jogar. Tenho um irmão, Frederico, cinco anos mais novo.
O seu pai faleceu cedo. Como?
Tinha 58 anos. Foi algo inesperado, embora ele já não estivesse muito bem de saúde. Um dia ligaram-me a dizer que ele tinha tido um ataque cardíaco numa farmácia, foi internado e no dia seguinte faleceu. Foi um golpe duro.
Era um miúdo tranquilo ou daqueles que dava muitas dores de cabeça?
Era relativamente tranquilo, adorava brincar na rua, a zona onde eu morava proporcionava isso porque era um bairro, vivíamos todos muito perto um dos outros. Fui um miúdo de bairro, de muito futebol de rua, de brincadeiras que infelizmente desapareceram. Foi uma infância muito feliz.
Gostava da escola?
Sim. Principalmente dos primeiros tempos de primária e preparatória. Era um aluno médio. À medida que fui avançando nos estudos, o futebol começou a chamar mais por mim e comecei a focar-me muito mais no meu sonho. O futebol profissional fez com que deixasse a escola para segundo plano e faltou-me uma disciplina para completar o 12º ano.
Em pequeno já sonhava ser jogador de futebol?
Sim, sempre tive esse sonho.
Quem eram os seus ídolos?
Passei por várias fases. Tive a felicidade de crescer ao lado de um central do Vitória, o Miguel, que jogou na fantástica equipa de 1986/87, do 3º lugar. O Miguel era irmão do Basílio, já falecido, e que também foi jogador do Vitória. Em miúdo frequentava a casa dele, via-o a viajar pela Europa fora pelo Vitória, por isso olhava para ele como referência. Depois vamos crescendo, começamos a ver o futebol de outra forma, a olhar lá para fora. Recordo-me que fui apoiante do Brasil de 1994, campeão do mundo, onde jogava o baixinho Romário. Tinha um carinho especial por ele, pela personalidade, por esse tipo de jogador que hoje escasseia, jogadores com muita personalidade. Revia-me muito naquilo que ele alcançava, na personalidade que tinha no relvado e fora.