Jornalista
A passagem pelo Masters 1000 de Roma está a trazer à tona o Nuno Borges mais cinematográfico, mais sofredor. Como se o Foro Italico, com as suas esculturas e arquitetura imponente, o inspirasse, o maiato está mais épico que nunca, não só ganhando, mas fazendo-o com contornos de um dramatismo incomum.
Na ronda inaugural, frente ao espanhol Pedro Martínez, sobreviveu a um embate de três horas e 41 minutos de duração, salvando dois match points. Depois, bateu o artista Bublik e, agora, volta a ganhar um confronto que poderia ter sido um choque de gladiadores no coliseu.
Na terceira eliminatória, o português, 53.º do ranking, derrotou Francesco Passaro, italiano que ocupa a 240.ª posição da hierarquia. Em três horas e 10 minutos, o maiato levou a melhor por 4-6, 7-6 (8) e 7-6 (4), voltando a ter de salvar um match point.
Com o público italiano a apoiar ruidosamente o jogador da casa, Borges até começou com ascendente no encontro, mas uma súbita quebra de nível no primeiro set foi fatal, levando essa partida inaugural para o lado de Passaro. Mas, nos segundo e terceiro parciais, vieram ao de cima a fibra e consistência do maiato, que não tremeu em alturas cruciais, mostrando a sua aptidão para caminhar em cima do arame.
Nos dois tie-breaks, Borges manteve a cabeça fria e a precisão técnica. No segundo set, teve um match point contra, mas aguentou e viria a ser o melhor na partida decisiva.
Nuno é apenas o terceiro português a atingir os oitavos-de-final de um Masters 1000, depois de Frederico Gil e de João Sousa. O melhor registo nacional na categoria de torneios abaixo dos Grand Slams são os quartos-de-final de João Sousa, em Madrid, em 2016. Para lá chegar, Borges terá de superar, na ronda seguinte, o vencedor do embate entre o alemão Alexander Zverev, 5.º do mundo, e o italiano Luciano Darderi, 54.º.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt
