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Uma hora e dois minutos durou a resistência de Nuno Borges a Carlos Alcaraz em Barcelona

O número 1 português defrontou em Barcelona o mais que provável dominador dos próximos anos na modalidade e na memória não levará um grande jogo de ténis: com nenhum dos tenistas a apresentar-se no seu melhor, ainda assim o acervo de pancadas e recursos de Alcaraz foi suficiente para uma vitória rápida por 6-3 e 6-1. Borges fica-se assim pela 2.ª ronda do ATP 500 da cidade catalã

Lídia Paralta Gomes

Quality Sport Images

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Há momentos que acontecem agora, em 2023, mas que já os projetamos para daqui a 10, 15 anos. É possível que daqui a uma década ou mais, Nuno Borges ainda seja questionado sobre aquela tarde de abril em que se estreou contra um dos maiores campeões da história do ténis, isto se Carlos Alcaraz se tornar naquilo que quase toda a gente acredita e espera que se torne. Num dos melhores de sempre, Monte Rushmore do ténis, sublinhe-se de novo.

E aí Nuno Borges, número 1 nacional, dirá que não esteve no seu melhor dia, embora até num grande dia seja difícil derrotar o prodígio Alcaraz, dono de um ténis poliglota, com umas gotinhas de Federer nas mãos, de Djokovic na capacidade de chegar a todas as bolas ou de Nadal nos huevos. Aos 19 anos, o número 2 mundial chegou a Barcelona depois de uma paragem de algumas semanas por problemas físicos e isso notou-se, mas ainda assim chegou e sobrou para bater Borges, derrotado em uma hora e dois minutos na 2.ª ronda do torneio catalão, sem conseguir grande réplica perante o longo acervo de pancadas do espanhol, que venceu por 6-3 e 6-1.

Mesmo a jogar não ao melhor nível que já lhe vimos, a Borges não podemos acusar de não ter arriscado. No início do jogo, vendo algumas pancadas mais curtas de Alcaraz, o maiato aventurou-se em diretas ao longo, mas que não levaram grande mira. Uma dupla falta no seu serviço daria a Alcaraz o primeiro break, para 2-1, com o espanhol a massacrar os segundos serviços do Borges, que apareceram mais do que deviam, principalmente quando se quer competir com o murciano.

Quality Sport Images/Getty

Mesmo com vários erros não forçados e pancadas de autor que não lhe estavam a sair da melhor forma, Alcaraz voltou a quebrar o português, com Borges a mitigar o placard, ao devolver um dos breaks para colocar o marcador em 5-3. O espanhol fecharia o set logo a seguir, no serviço do atual n.º 79 mundial.

No 2.º set, a qualidade de jogo não aumentou, com Nuno Borges ainda assim a conseguir prolongar alguns pontos, obrigando, pelo menos, Alcaraz a arriscar mais para os fechar. Fica também na retina um dos únicos winners diretos de Nuno Borges no encontro, numa resposta ao serviço de Alcaraz, que não evitou o passing shot. E quando da bancada alguém gritou “Nuno, vamos!”, já o futuro do português estava mais do traçado, com um 5-1 no marcador e com Carlos Alcaraz no serviço.

Na memória de Nuno Borges, de 26 anos, ficará então um embate com uma das mais que prováveis futuras estrelas do desporto mundial, mas não um grande jogo de ténis, de parte a parte. Ainda assim, percurso positivo do português no ATP 500 de Barcelona, onde chegou à 2.ª ronda, o que lhe permitirá muito provavelmente nova aproximação ao top 70 na próxima atualização de ranking.