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Djokovic defendeu o pai que foi fotografado ao lado de ativistas pró-Rússia: “A culpa não foi dele. Somos contra a guerra”

A história que começou como um feliz regresso de Djokovic à Austrália está a mudar de direção e a ficar marcada pelas imagens do pai do tenista sérvio ao lado de manifestantes pró-Rússia. Em Melbourne, novamente numa fase um pouco atribulada, Djokovic garantiu um lugar na final, mas sem o progenitor nas bancadas

Rita Meireles

Quinn Rooney

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Quando Novak Djokovic venceu nos quartos de final do Open da Austrália, o resultado do jogo contra Andrey Rublev acabou por ser ofuscado pelo vídeo que mais tarde surgiu nas redes sociais. Srdjan Djokovic, o pai do jogador sérvio, apareceu nas imagens publicadas no canal do YouTube de um ativista pró-Rússia ao lado de vários apoiantes da invasão ordenada por Putin na Ucrânia.

Esta sexta-feira, o tenista regressou ao court para vencer Tommy Paul e garantir a 10.ª presença na final do Open da Austrália, o pai optou por não marcar presença nas bancadas e o vídeo foi, como se esperava, o elefante na sala.

Questionado sobre o sucedido, Djokovic saiu em defesa do seu pai, afirmando que ele foi usado pelas restantes pessoas que aparecem nas imagens e garantindo que ele e a sua família são contra a guerra.

“Estava de passagem, tirou uma foto, a situação escalou. Ele foi utilizado de forma negativa nesta situação por este grupo de pessoas”, explicou Djokovic aos jornalistas. “Não posso estar chateado com ele porque posso dizer que a culpa não foi dele. Saiu para celebrar com os meus fãs. Depois disso, sentiu-se mal e sabia como isso iria refletir em mim, toda a pressão dos meios de comunicação social e tudo o que aconteceu nas últimas 24 a 48 horas”.

O tenista fez questão de deixar clara a sua posição em relação ao conflito na Ucrânia, e qualquer outro. Algo que não é novo, visto que Djokovic já tinha mostrado não estar de acordo com a decisão russa quando tudo começou, há quase um ano.

“O meu pai, toda a minha família e eu próprio já passámos por várias guerras durante os anos 90. Somos contra a guerra, nunca iremos apoiar qualquer violência ou qualquer guerra. Sabemos como isso é devastador para as famílias, para as pessoas em qualquer país que esteja a atravessar a guerra. O meu pai estava de passagem. Havia muitas bandeiras sérvias por perto. Ele pensava que estava a tirar uma fotografia com alguém da Sérvia. E foi isso. Ele seguiu em frente”, garantiu.

Srdjan não assistiu à vitória do filho nas semifinais e garantiu que só está em Melbourne para apoiar Djokovic.

“Estou aqui apenas para apoiar o meu filho. Não tinha qualquer intenção de causar tais manchetes ou perturbações. Estive lá fora com os fãs do Novak, como fiz depois de todos os jogos do meu filho para celebrar as suas vitórias e tirar fotografias com eles. Não tinha qualquer intenção de ser apanhado nisto. A minha família viveu o horror da guerra, e só desejamos a paz”, lê-se num comunicado.

O pai do sérvio realçou ainda que decidiu ver o jogo em casa para não causar qualquer perturbação

Com a vitória desta sexta-feira, Djokovic conseguiu um passaporte para a final, onde vai encontrar o grego Stefanos Tsitsipas. Um ano depois de falhar este major por ter sido deportado da Austrália, o sérvio pode vencer o seu 22.º Grand Slam e igualar Rafael Nadal.