Quinta-feira não terá sido o dia mais feliz dos 35 anos de vida de Gerard Piqué. O antigo central do Barcelona, que terminou como que abruptamente a carreira em novembro, acordou com boa parte dos olhos e ouvidos mediáticos em si, por ser protagonista e destinatário de uma canção pouco simpática da sua ex-mulher, a cantora Shakira. Vida pessoal à parte, até porque este não é o espaço, essa não seria a única preocupação do dia para o agora empresário e empreendedor, uma faceta que Piqué vinha a construir já desde os tempos de jogador.
É que também na quinta-feira a Federação Internacional de Ténis (ITF) anunciou o fim do acordo de 25 anos com a Kosmos Tennis para a organização da Taça Davis. A Kosmos é um grupo de investimento privado liderado e saído da cabeça do jogador e a tomada da organização da principal prova de seleções do ténis (e a mais antiga, com mais de 120 anos) foi uma espécie de primeira e enorme pedra de um projeto alargado para o desporto. Em 2018, a empresa anunciou que iria investir qualquer coisa como 3 mil milhões de dólares num quarto de século na revitalização da prova, há muito olhada com desdém pelos principais atletas, mas ao fim de cinco anos o acordo desmoronou.
“A ITF pode confirmar que a parceria com a Kosmos Tennis para a Taça Davis terminou”, pode ler-se num comunicado da federação internacional de ténis, que diz ter assegurado a viabilidade financeira da prova e que irá organizar a Taça Davis em 2023, mantendo-se a final em Málaga, em novembro.
O “El Pais” diz que, apesar do crescimento nos últimos anos, num torneio que teve vários formatos, as expectativas da Kosmos em relação aos lucros que a prova iria gerar não foram cumpridas. A empresa de Piqué tentou renegociar os pagamentos anuais obrigatórios para poder organizar a prova, que andavam à volta dos 40 milhões de dólares, mas o acordo com a ITF não foi possível e um projeto que deveria durar 25 anos morreu aos cinco.
Explica o diário espanhol que o rasgar do acordo com a ITF não deverá ser problemático para o grupo empresarial de Gerard Piqué, que entretanto alargou tentáculos em outras áreas, como na representação de jogadores, nomeadamente tenistas: Andrey Rublev, número 6 ATP, é o principal nome de um portfólio que tem ainda o austríaco Dominic Thiem, o croata Borna Coric e a russa Daria Kasatkina. A ucraniana Elina Svitolina é a mais recente adição ao grupo, ligação confirmada esta semana.
No futebol, a Kosmos é proprietária do Andorra, atualmente 9.º classificado da segunda divisão espanhola, e organiza a Kings League, um novo formato que junta elementos de futebol, futsal e eSports, que vai fazendo sucesso do outro lado da fronteira. Iker Casillas e Sergio Aguero são alguns dos envolvidos em mais uma ideia saída da cabeça de Piqué.