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Um ano depois da novela e deportação, Novak Djokovic entrou sem dramas na Austrália. E até já se treina em Adelaide

Foi sem câmaras ou holofotes que Novak Djokovic chegou à Austrália, um ano depois de ter sido deportado por não estar vacinado contra a covid-19. Com a proibição de entrar no país revogada, o sérvio tentará um décimo título no Open da Austrália mas antes disso vai jogar o ATP 250 de Adelaide, onde já se treinou esta quarta-feira. Craig Tiley, diretor do primeiro torneio do Grand Slam do ano, espera Djokovic seja bem recebido pelo público local

Lídia Paralta Gomes

Mark Brake/Getty

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Aqui há um ano uma nova expressão entrou no léxico do ténis: isenção médica. Era essa exceção que permitiria a Novak Djokovic, então número um mundial, entrar na Austrália para jogar e defender o título no primeiro torneio do Grand Slam, mesmo não estando vacinado contra a covid-19, condição essencial para colocar os pés em terras down under.

A autorização estaria na sua mão, anunciou-o nas redes sociais antes de partir e tudo, mas quando o nove vezes vencedor do Open da Austrália tentou entrar no país, via-Melbourne, começou o drama. Colocado numa sala durante cinco horas, sem telemóvel e com dois polícias à porta, Djokovic foi interrogado e no final o seu visto foi cancelado e a entrada no país negada.

Seguiu-se então uma curta batalha jurídica, com um dos melhores tenistas do planeta preso num hotel fajuto à espera da expulsão, um visto revogado pela segunda vez e, finalmente, a deportação, que na Austrália significa normalmente o impedimento de entrar no país por um período de três anos. Mas também porque Novak Djokovic não é um simples cidadão deste mundo, essa proibição foi revogada em novembro, com o governo australiano a conceder um visto ao sérvio, numa altura em que já não existem qualquer tipo de restrições de entrada no país, nem mesmo prova de vacinação.

Sérvio tentará em Melbourne um 10.º título, depois de ser impedido de participar em 2022

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E foi assim sem qualquer tipo de problemas que o vencedor de 21 títulos em torneios do Grand Slam entrou na Austrália na terça-feira, facto confirmado pela Tennis Australia e que não precisaria de mais confirmação a partir desta quarta-feira, quando o número 5 do ranking surgiu em court para se treinar em Adelaide, onde a partir de domingo vai disputar o torneio ATP 250 local.

Receção do público

Novak Djokovic é o tenista que mais vezes levantou a taça de campeão do Open da Austrália, criando uma ligação especial com o público do país, reforçada pela imensa (e ruidosa) comunidade balcânica que enche as bancadas do Melbourne Park a cada edição do chamado happy slam. A tentativa de entrar no país sem estar vacinado e utilizando um expediente que contornaria de alguma forma as regras do país, significou uma quebra desse laço afetivo, numa nação que enfrentou alguns dos mais duros confinamentos durante o pico da pandemia.

A reação será epidérmica e só se conhecerá quando Djokovic entrar pela primeira vem em campo em Adelaide, mas Craig Tiley, diretor do Open da Austrália, está confiante que o sérvio, que procura em Melbourne um inédito 10.º título, será bem recebido pelo público australiano.

“Tenho muita confiança no nosso público”, disse em conferência o responsável pelo torneio: “É um público bem formado em questões desportivas, particularmente no que diz respeito ao ténis. Adoram ver grandeza, adoram ver grandes jogos e grandes demonstrações de atleticismo. Tenho muita confiança que os adeptos vão reagir tal e qual nós esperamos que reajam”.

O Open da Austrália, onde Djokovic surge como favorito e com possibilidades de igualar os 22 títulos do Grand Slam de Rafael Nadal, arranca no próximo dia 16 de janeiro.