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Carlos Alcaraz e os recordes: espanhol será o mais jovem de sempre a terminar o ano no topo do ranking mundial

Com 19 anos, seis meses e nove dias, o prodígio espanhol junta mais um registo histórico à sua já longa lista de feitos, tornando-se no mais jovem de sempre a acabar o ano como número 1 mundial. Isto mesmo sem estar presente nas ATP Finals, em Turim, devido a lesão

Expresso

Antoine Couvercelle

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A vitória no US Open atrelou Carlos Alcaraz definitivamente à história. Com 19 anos e quatro meses, o miúdo de El Palmar, uma terriola nos arredores de Múrcia, não só levantou o seu primeiro torneio num Grand Slam como no dia seguinte se tornou no mais jovem número 1 mundial desde que o ténis começou a quantificar esse pedaço de estatística, algures nos anos 70.

A Alcaraz, que é uma espécie de última evolução do ténis, uma experiência de laboratório bem sucedida que junta células de Djokovic, Nadal e Federer, pede-se o Mundo e tudo o mais, mas a vida do espanhol depois do major norte-americano não tem sido feita de uma linha ascendente e a pique. Na verdade, os baixos até têm sido mais frequentes que os altos, para nos lembrar que os atletas não são de ferro e que os momentos de grande intensidade trazem as suas consequências.

Logo após Nova Iorque, Alcaraz perdeu ao primeiro jogo em Astana, frente a David Goffin, 66.º do Mundo. Seguiu-se derrota nas meias-finais de Basileia, com Felix Auger-Aliassime. No Masters 1000 de Paris, uma lesão obrigou-o a desistir nos quartos de final. E aí o espanhol, a contas com problemas musculares a nível abdominal, fechou a época, faltando às ATP Finals, o último torneio do ano, que junta os melhores da temporada.

Contudo, mesmo sem estar presente em Turim, Carlos Alcaraz é a notícia. O espanhol sabia que a sua presença no número 1 mundial estava ameaçada por Rafael Nadal e Stefanos Tsitsipas, mas o desempenho sofrível do compatriota e uma derrota logo a abrir do grego confirmaram mais um pedaço de história para o campeão do US Open, que será o mais jovem de sempre a terminar o ano no topo do ranking, com apenas 19 anos, seis meses e nove dias. Tal como já havia acontecido quando escalou até ao número 1, fá-lo com menos um ano e quatro meses que o anterior detentor do recorde, Lleyton Hewitt, que terminou o ano de 2001 no topo do ranking ATP com 20 anos, 10 meses e sete dias.

A eliminação de Rafael Nadal na fase de grupos (o espanhol conta por derrotas os dois jogos que já fez) foi decisiva para Alcaraz saltar para a frente de uma lista em que Novak Djokovic nem sequer aparece no top 10. Nadal, que terminou o ano como número um pela primeira vez em 2008, tinha na altura 22 anos, seis meses e 28 dias - o 7.º mais jovem de sempre. Roger Federer demorou ainda mais tempo: tinha 23 anos, quatro meses e 23 dias quando em 2004 era número um mundial no final do ano.

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    O número 1 mais novo de sempre é um fenómeno de risco constante difícil de entender, mas fácil de radiografar. Com a ajuda de Gastão Elias, que o defrontou nem há ano e meio e ainda é “incapaz” de compreender como é possível o espanhol já ser quem é, e de Frederico Marques, que viu como Alcaraz é um fenómeno quando João Sousa o derrotou (por 6-0) num torneio de exibição

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    O espanhol bateu, em quatro sets, Casper Ruud, vencendo o US Open e tornando-se, aos 19 anos, no mais jovem n.º1 do ranking ATP de sempre. Numa final de alto nível, o norueguês teve momentos de supremacia mas foi batido pelo talento infindável de Carlitos

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    O espanhol Carlos Alcaraz, prodígio de 19 anos que tomou 2022 com o seu jogo fluído, completo, cheio de atitude e fantasia, está pela primeira vez numas meias-finais de um torneio do Grand Slam, depois de bater no US Open o homem com quem promete ter duras batalhas nos próximos anos. Jannik Sinner, 21 anos, italiano nascido a menos de 10 quilómetros da Áustria, responde ao murciano com solidez, equilíbrio e discrição. Alcaraz venceu por 6-3, 6-7(7), 6-7(0), 7-5 e 6-3, após 5 horas e 15 minutos do melhor ténis que o major nova-iorquino viu este ano