Lisandro Borges, empresário argentino ligado ao pádel, juntamente com o seu sócio, Arturo Alacahan, exigem 10 milhões de dólares (cerca de 9,8 milhões de euros) do tenista espanhol Rafael Nadal. “O seu agente assinou dois contratos ao mesmo tempo”, diz Borges, em entrevista aos argentinos do “Clarin”. O processo deu entrada nos tribunais da Flórida.
Aparentemente, quem está no olho do furacão nem é bem o supertenista, mas o seu empresário, Carlos Costa. Mas é sobre Nadal que recaem as atenções, naturalmente. Segundo Lisandro Borges, tudo começou com a ideia de uma digressão pela América, planeada para o fim do ano, que teria como ponto alto um encontro, na Argentina, entre o maiorquino e Juan Martín del Potro.
Lisandro Borges, responsável por levar o World Padel Tour a Buenos Aires, conta que a ideia do agente de Nadal era que este fizesse “quatro partidas em quatro locais distintos” e que “se não fossem quatro partidas, ele não o faria”. Os jogos no Equador e no México ficariam por conta dos irmãos Lapentti, ex-tenistas. Borges e Alacahan seriam os responsáveis pelos eventos na Argentina.
Com três partidas marcadas, os empresários procuravam um quarto local. “O manager de Rafa, Carlos Costa, fez-nos criar uma adenda [no contrato] a dizer que, se não aparecesse uma quarta data até 31 de maio, o acordo era anulado”, conta Borges. O dia chegou sem que se houvesse encontrado um último local. Mas a história não tinha terminado. “Liga-nos o Carlos Costa e pede-nos – por telefone e por escrito – que lhe enviemos uma extensão por 30 dias do contrato, porque tinha um interessado no Chile”.
O jornal argentino conta que Borges enviou recentemente um documento a Nadal e à sua mãe, acusando-os de retrocesso nos direitos, má-fé, danos e prejuízos. Borges explica que tinha reservado “o Parque Roca, dialogado com políticos, jornalistas, empresas” e até “com o representante de del Potro”.
Outra chamada de Carlos Costa fez com que o empresário do pádel ficasse ainda mais desconfiado. “Vendi quatro datas a um empresário argentino”, disse Costa a Borges, que se apercebeu de que estava fora do negócio. O “novo dono” da parte argentina da digressão de Nadal era Marcelo Fígoli, dono do Fenix Entertainment Group.
“Imagina a nossa reação. Não sabíamos se estava a gozar connosco. O tipo [Carlos Costa] ganhou a sua parte e não se importou de ter outro contrato assinado. (…) Assinou dois contratos ao mesmo tempo”, explica Borges. Entretanto, se não chegarem a acordo através de mediação, irão a tribunal por 10 milhões de dólares.
Diz o “Clarin” que os quatro destinos na América tinham como preço 10 milhões de dólares, sendo que, por cada exibição, Nadal cobraria 2,5 milhões. Mas, para Borges, a estadia da estrela do ténis implicava mais do que bater bolas: “O que Nadal teria que fazer estava no contrato. Basicamente, era uma partida de exibição, um jantar e uma formação”.
“Eu queria trazer o Rafael Nadal à Argentina por tudo o que representa como desportista. Pelos seus valores. Pela sua constância e humildade. (…) E não quero julgar o Nadal. Ele não tem nada a ver com o que o seu representante nos fez. O Rafa não é responsável”, reconhece Borges na entrevista. De qualquer forma, foi enviada uma carta ao tenista e à mãe, dona da empresa que gere os direitos de imagem do tenista.
De acordo com o jornal argentino, é certo que o contrato inicial tinha uma data de validade. Por um lado, segundo o empresário argentino, o acordo tinha sido prolongado. Mas, segundo a parte de Nadal, o contrato expirara em abril ou maio e tinham o caminho livre para assinar com quem quisessem, neste caso, com Fígoli. A justiça terá a palavra final.
De qualquer forma, o espanhol irá jogar na Argentina, no fim de novembro, no Parque Roca. Provavelmente, o adversário será mesmo Juan Martín del Potro.