O jogo que aí vem com o Vizela
“Os jogadores da frente são muito tecnicistas, têm muita qualidade na definição, um avançando que procura muito a profundidade e que complementa os outros. O Nuno Moreira, o Kiko Bondoso e o Samu, que têm jogado ultimamente, são muito virtuosos e tendo um jogador que costa de correr na frente de se isolar cria-nos muitos problemas. Tem uma defesa com dois centrais inteligentes, dois laterais que sobem bem, são eles que dão a profundidade no corredor porque o resto da equipa joga por dentro.
Será um jogo muito complicado contra uma equipa tranquila, que mudou de treinador e os jogadores estão a corresponder, temos de ganhar o jogo contra uma equipa que faz muitos golos, será um bom desafio, mas estamos preparados para o jogo.”
As diferenças para os jogos contra o Marítimo e o Benfica
“Tem a ver com a mentalidade e o hábito de alguns jogadores não estarem habituados a jogarem sempre com a pressão de vencer. Fui jogador até há algum tempo e há dias em que é preciso ter uma vontade extra para as coisas funcionarem, mas não é por mal, conheço os meus jogadores, preparam-se bem par aos jogos, mas este hábito é uma coisa que se cria e é preciso experiência. Eles estão a crescer nesse aspeto, estão num clube grande e têm de passar etapas, uma delas é essa. Não temos muitas vitórias fora e isso revela que quando estamos um bocadinho desconfortáveis no campo de outros clubes não conseguimos vencer. Tínhamos essa característica no primeiro ano, mas não conseguíamos ter o nível de jogo que temos agora.”
Pedro Porro vai ser transferido?
“Não posso garantir nada, não me parece que saia, para sair neste momento tem de ser pela cláusula, é o conhecimento que tenho neste momento. Se não houver um clube que bata a cláusula, o Porro não vai sair em janeiro.”
Como o clube tem gerido as transferências
“Todos os treinadores sofrem um bocadinho com isso, há jogadores que querem sair, não é o caso, mas é normal que haja jogadores que vão sair do Sporting. Durante o mês pode estar um bocadinho mais ansiosos, os empresários andam a falar com eles e há reuniões, é impossível não mexer com os jogadores, nós vamos falando com eles, é a vida deles, o que lhes damos é o conforto de estarem num grande clube onde têm o apoio de todos, e jogam. É tentar gerir e enquadrar tudo de acordo com as características de todos, tentar conhecer os jogadores, tranquilizá-los e falar muito nas tarefas. E pronto, deixar o mês passar. Tenho de estar um bocadinho mais atento, perceber que podem estar mais ansiosos num treino ou num jogo porque há reuniões e etc.. Vejo isso com naturalidade.
A grande razão são os resultados, isso muda tudo, quando não aparecem há sempre problemas. Há que gerir da melhor forma e a melhor forma é ganhar ao Vizela, aproximarmo-nos dos lugares cimeiros, não ser despedido e continuar o meu trabalho.”
Vai fazer poupanças na equipa?
“Não, no Marítimo também não houve, não vai haver nenhuma, temos de ganhar ao Vizela e voltar às vitórias. Tirando a Madeira, vínhamos de uma sequência boa, no empate da Luz também podíamos ter ganho, o cansaço agora é que vai começar a existir, mas não vale a pena poupar jogadores para não se sentirem cansados, isso vai sempre existir. Todos os jogos são difíceis para nós e, às vezes, aqueles que não parece difíceis são aqueles em que temos tido mais problemas. O próximo jogo é o mais importante, contra jogadores talentosos que se sentem livres a jogar em Alvalade.”
O Sporting é uma equipa bipolar?
“É a responsabilidade do treinador, tem a ver com algo que já aconteceu várias vezes, mesmo eu tendo já passado essa mensagem. Às vezes é difícil, também tenho noção do contexto, jogamos com jogadores muito talentosos como o Marcus Edwards, mas se olharmos para o passado ele, mesmo no V. Guimarães era muito intermitente, quando vamos buscar jogadores sabemos que vamos ter muito talento, mas também alguns altos e baixos.
Quando a equipa consegue ter jogos de nível muito alto, como contra o Tottenham e mesmo no Dragão, a forma como entra nesses campos mostra capacidade, mas nos outros também tem de ter. Quando a equipa é inconstante, a responsabilidade é do treinador.”
Cláusula no contrato para o Sporting o dispensar se acabar a 1.ª volta a 15 pontos do líder?
“Com esta renovação já ficou um pouco salvaguardado, mas digo-o publicamente: quando o Sporting me quiser dispensar, não levo mais um euro do que no último dia. Mesmo tendo contrato, no dia em que o Sporting me quiser dispensar, no dia a seguir não tem de me pagar mais nada. Esse é o medo que tenho de ser despedido e ficar no desemprego. É o nível de exigência que quero para mim porque também tenho a sorte que tenho em estar confortável na vida. Depois, é a exigência que tenho para os meus jogadores, quero que eles cresçam mais rápido. No dia em que o Sporting me quiser dispensar, nem um euro a mais, vou quando eles quiserem. Acho que é a melhor maneira de levar esta vida, pelo menos no Sporting.
Não tenho cláusula. Nem no SC Braga pensava em poder ficar em 4.º lugar. Acredito que ficar em 4.º lugar no Sporting é difícil de gerir, se o Sporting assim entender poderá dispensar-me sem qualquer euro a mais. Nem é preciso cláusula, fica aqui a minha palavra.”
O avançado Youssef Chermiti
“Em termos de confiança tem a ver com o talento, como fiz com o Rodrigo Ribeiro, depois eles durante a semana vão trabalhando e demonstram quem vai jogar. Em termos de características, é olhar para ele: é um jogador muito alto que tem capacidade de ir no espaço, é difícil encontrar as duas coisas. Sempre foi um jogador muito virtuoso apesar do metro e noventa e tal, pode conjugar tudo, e depois trabalha muito, que é meio caminho andado para jogar em qualquer equipa, mas principalmente nas minhas. Alguém que está sempre a trabalhar, sempre a pressionar, está mais perto de jogar. Tudo nele diz que pode ser um jogador de sucesso, mas agora é preciso ter calma. Perceber que estamos a apostar em miúdos que não passaram pela II Liga [o Sporting B joga na terceira divisão], é um problema que temos aqui que estamos a tentar mudar.
Tudo dele me diz que pode vir a se ruma referência no Sporting e mesmo no nosso país, no futuro, numa seleção.”
As negociações sobre o central Diomandé, do Mafra
“Temos todos os jogadores em aberto, o Taunlongo foi uma oportunidade que surgiu, o scouting já tinha observador e aproveitámos. Podemos explorar mais um central de pé direito, mas não vou dizer que é o Diomandé. Poderá entrar alguém.”
Mateus Fernandes e Morita
“O Morita vai ser convocado e o Mateus Fernandes vai voltar à equipa B esta semana, não jogando na equipa A, vamos fazendo a gestão. Faz parte do processo de formação deles.”
“Temos de arranjar espaço para os jogadores, acreditamos muito neles, há também muita gente à volta deles e são cobiçados por outros clubes. Não temos a capacidade de outros clubes, o que podemos dizer é que ‘vais ter o teu espaço, acreditamos muito em ti, de tal forma que não vamos buscar outro avançado’. É a nossa forma de conquistar os jogadores de talento como o Chermiti e o Rodrigo, não temos capacidade financeira para combater alguns clubes que andam à volta deles.
Tenho confiança porque olho para eles e dentro da minha pouca experiência como treinador… o Nuno Mendes não era nada disto, transformou-se num ano, foi à seleção e foi vendido por €40 milhões. É isto que acredito para o Rodrigo e o Chermiti, agora depende deles. Acreditamos que são a resposta para o aumento de golos e a competição nos avançados.”
Morita e St. Juste conseguem fazer 90 minutos?
“Não, ainda têm limite de tempo, não vão jogar os 90 minutos.”