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Rúben Amorim: “Não sei como reagiria se a minha família fosse apedrejada à saída do estádio. Um grande abraço para o Sérgio Conceição”

Na conferência de imprensa de antevisão da visita ao terreno do Boavista (sábado, 20h30, Sport TV1), o treinador do Sporting falou do incidente que ocorreu à saída do Estádio do Dragão, que deve ser “muito doloroso” para o técnico do FC Porto. Sobre as ausências de jogadores dos leões na convocatória de Portugal, Amorim disse que “realça” o seu trabalho, porque “consegue resultados com jogadores que não têm o estatuto de seleção”

Expresso

RODRIGO ANTUNES/LUSA

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Desafio de mudar o chip

“Viemos de uma série comprida de jogos, que termina agora com a paragem de seleções. É difícil trabalhar tantos jogos sem ter uma pausa, mas é sempre melhor trabalhar depois de vitórias. Sabemos da importância do jogo e da nossa posição na tabela. É um treinador que nos conhece bem, um sistema idêntico, uma equipa motivada e que tem os mesmos pontos que nós. Sabemos do ambiente que há no Bessa, uma das forças do clube é a intensidade em todos os jogos. Temos de ser muito humildes e perceber que ainda não fizemos nada. Vencer jogos dever ser o normal, seja em Portugal e na Europa. Temos a obrigação de vencer.”

Paulinho vai jogar?

“Vamos ver. Vamos apresentar o onze que entendemos ser mais forte para o jogo. Temos mais um dia de descanso do que tem sido normal nesta série de jogos. Ninguém entra ou sai da equipa porque faz golos ou deixa de fazer."

Sporting sem jogadores na seleção A nem sub-21

“Os selecionadores fazem as escolhas deles, e eu faço as minhas. As minhas às vezes não são bem entendidas, como as dos vários treinadores. Eles têm muito por onde escolher, principalmente na seleção portuguesa, há muita qualidade. Eu percebo perfeitamente. Os jogadores do Sporting têm de trabalhar mais, têm de jogar melhor para ganhar um lugar. Isto é um processo contínuo. Desta vez vão uns, ainda falta tempo para o Mundial, mesmo depois do Mundial começa o trajeto do Europeu. Os nossos jogadores são muito jovens. Temos muito talento na Academia e olhar para isso como uma motivação, não ficar zangados ou preocupados."

Incidente com família de Sérgio Conceição

“Não vou comentar o incidente, porque aí são as autoridades e as pessoas responsáveis que têm de fazer alguma coisa. Quero é mandar um grande abraço, porque já o fiz, ao Sérgio Conceição. Não somos propriamente amigos, como vocês todos sabem, mas basta olhar para ele, ver o que ele fez pelo clube. Merecia mais. Aquilo não reflete o que são os adeptos do FC Porto. Acima de tudo, acho que ele deve estar revoltado a levar com as pedras. Ao menos fosse ele a levar, e não a família. Deve ser muito doloroso ter filhos e uma mulher e levar com pedras porque se perdeu um jogo. Os meus jogadores têm de ter em atenção a isso, porque há três meses o FC Porto foi campeão e ganhou a Taça de Portugal. O futebol muda muito rápido, não há memória. Eu não sei como reagiria se a minha família fosse apedrejada à saída do estádio. Um grande abraço para o Sérgio, espero encontrá-lo aqui. Não lhe ganho muitas vezes, mas ele faz de mim melhor treinador e espero que ele tenha força e continue"

Deslumbramento de jogadores depois da vitória contra o Tottenham

“Eles são jovens, foi um jogo que teve muito impacto. Falámos com os jogadores, treinámos, explicámos, mostrámos a tabela classificativa. O Sheriff o ano passado ganhou ao Real Madrid e não se qualificou. Eles têm de levar isto com naturalidade. Sabem que perdem o lugar na equipa se se distraírem. Sabem com o que contam e estão prontos para voltar à terra."

O seu trabalho é beliscado por jogadores não irem à seleção?

“Se fosse eu o selecionador levava-os a todos, que para mim eles são perfeitos e são jogadores de seleção. Mas isso sou eu que sou treinador do Sporting. Agora, o selecionador, se não escolheu o Trincão, escolheu o Jota, se não escolheu o Pote, escolheu o Félix, é difícil gerir isso. Não belisca o meu trabalho. Nós temos conseguido alguns títulos, crescemos os jogadores, só realça o trabalho do treinador do Sporting que consegue resultados com jogadores que não têm o estatuto de seleção. Não me sinto beliscado, mas sim lisonjeado."

Capacidade para arranjar substitutos para os jogadores que saíram

“Eu disse aqui que falhámos o planeamento na situação do Matheus Nunes, mas o resto à volta: o Sarabia saiu, fomos buscar o Trincão, o Palhinha tínhamos o Ugarte preparado há meio ano, o Edwards foi contratado porque sabíamos que ele teria dificuldades para se adaptar à nossa forma de jogar e exigência. Depois o Morita apareceu bem, o Pote também pode fazer a posição. Uma grande dificuldade foi que o Matheus saiu, mas o Dani [Bragança], que podia fazer a transição com bastante tranquilidade, lesionou-se gravemente. Já ninguém faz os movimentos do Matheus, fazem outros de acordo com as características, o que eu acho que vai ajudar o Dani no futuro. Acho que ele vai jogar cada vez melhor. Estamos à espera dele para isso. São pequenas coisas na nossa dinâmica que mudam em relação ao que fazíamos com o Matheus Nunes, porque é impossível reproduzir o que o Matheus Nunes faz. Toda a gente faz o seu trabalho, em que o clube tem uma ideia e isso é notório nas entradas e saídas da equipa"

Situação clínica de Neto, St. Juste e Jovane Cabral

“O Neto passa por mim todos os dias sem protecção no joelho para ver se eu o meto a jogar. Não vai jogar, mas vai recuperar mais cedo do que esperamos. O Jovane é o mais atrasado, o St. Juste já está a ir ao campo e a trabalhar. Eles todos querem jogar, porque se a equipa continuar assim entrar logo na equipa."

Contará com muitos jogadores durante a pausa de seleções

“A pausa pode ser boa, há jogadores que vão para a seleção e não jogam e isso é o mais preocupante. Os que ficam cá trabalham connosco e trabalhamos uns mais e limpamos outros do cansaço. Mas os problemas acontecem na sequência, na recuperação dos jogadores. Tenho pena que o Sotiris vá para a seleção, era o jogador que precisávamos mais que ficasse aqui. Aconteceu o mesmo com o Ugarte na primeira altura dele: havia muitos jogos, havia uma paragem, ia para a seleção e perdia treinos. Mas penso no Arthur ou no Rochinha, para trabalhá-los. Temos um jogo de treino, já está tudo planeado. A melhor forma de preparar a paragem é ganhar ao Boavista"

  • Quem foi better? O Sporting, com uma pitada de inexplicável
    Liga dos Campeões

    Ao fim de hora e meia, o jogo não tinha golos depois de o Sporting ser superior em tudo na primeira parte e resistir ao ímpeto reativo do Tottenham, na segunda. Mas, depois de a equipa abdicar de sair a jogar e se adaptar às dificuldades, Paulinho marcou num canto e, quando os descontos aconselhavam à calma, o estreante Arthur Gomes forçou um raide com os primeiros toques na bola pelos leões que fixaram a vitória por 2-0. Dois jogos na Liga dos Campeões, seis pontos para o Sporting