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Rúben Amorim e as críticas à equipa: “Por mim os jogadores fechavam todos as redes sociais. É uma liberdade muito grande”

Numa conferência cheia de fortes soundbites, o treinador do Sporting abordou a necessidade de, frente ao Rio Ave, voltar às vitórias, escalpelizou as questões defensivas do jogo de Braga, sublinhou que "não há nem mais um euro" para gastar no mercado e revelou que, quando se sente chateado, revê o encontro com o LASK Linz que tudo mudou. Paulinho está fora do encontro de sábado e St. Juste ainda está em dúvida

Expresso

HUGO DELGADO/LUSA

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Rio Ave

“Queremos voltar às vitórias. Houve coisas que fizemos bem em Braga, outras que não fizemos tão bem e, como já disse, isso foi tão óbvio que foi fácil trabalhar esta semana. Isto é uma maratona e queremos escrever uma nova história, voltar às vitórias, que é uma sensação a que estamos habituados”

Chalana

“Devia ter começado por aí. Foi meu treinador nos infantis, sempre alguém muito importante no Benfica. Toda a gente da formação cresceu um bocadinho com o mister Chalana. Deixou-nos muito cedo. Deixa boas memórias a quem privou com ele e a quem o viu jogar - eu só vi em cassetes. Um abraço à família, a todas as pessoas no Benfica. Vai fazer falta. Penso que vai ter uma despedida que merece”

Golos sofridos

“Nós somos muito consistentes defensivamente, como disse só sofremos três golos em três ocasiões em quase 100 jogos. Essa é a regra, Braga foi a exceção e o que nós perguntamos é porque é que acontecem estas coisas. Geralmente são faltas de concentração e agressividade que podem acontecer em certos jogos. Como vimos no ano passado e há dois anos, perde-se poucos pontos no campeonato e temos de estar sempre no máximo. Confio em todos os defesas. A consistência defensiva é da equipa toda. O que olhámos foi para as situações dos golos. Lembro-me que um dos golos foi uma falta marcada rapidamente em que o Morita faz uma falta, e bem, e dá a bola e não fica com a bola para deixar organizar a equipa… são pequenos pormenores que transmitimos à equipa e não fizemos caso nenhum. Sabemos onde errámos. A regra é que somos muito fortes e disciplinados defensivamente”

O que vai fazer de diferente

“Falhas há sempre, os jogadores não são máquinas. O que vamos mudar é ter atenção aos pormenores: a bola nunca está parada, temos de ter atenção quando há uma falta, um lançamento. Os jogadores aqui e ali não fecharam tão dentro, não avançaram… isso é normal, acontece em todos os jogos. É não fazer muito caso disso. Falou-se muito do terceiro golo do SC Braga. É normal haver um contra um, jogadores rápidos. No cruzamento os jogadores estavam todos a defender bem, talvez o Coates devesse ter pressionado mais o jogador, mas falámos disso no balneário. O que lhes mostrei foi que do outro lado quantas vezes teve o Porro mais tempo para decidir e não conseguimos encontrar um jogador, o próprio St. Juste teve oportunidade de fazer isso, o Edwards… Às vezes basta uma desconcentração, olhando para a jogada não lhes consigo apontar nada de especial. Só aquele jogador que deveria ter sido mais pressionado”

Mercado

“Complica o trabalho de todos os treinadores, não é só o meu. Com as condições que temos, tivemos opções muito arriscadas. Temos um plantel muito curto, com alguns atletas da equipa B. Abdicámos da profundidade do plantel para manter uma base que para mim é essencial para sermos competitivos. Mas o mercado tem as suas leis. Foi tudo feito de há um ano para trás, todas as substituições foram planeadas, nós fazemos o máximo e não controlamos. Não estou preparado para perder o Matheus Nunes, se ele sair, estarei preparado para ele sair. Temos de estar preparados para tudo, só para a morte é que não há solução. Seremos sempre fortes”

Fran Navarro

“Não vi o jogo do Gil Vicente ontem. Estou a ver equipa a equipa. Faço o meu trabalho aqui, não vejo o porquê. Depois do último jogo, em que fizemos também muitas coisas boas, há que focar nisso, ver o jogo outra vez. Sempre que estou chateado vou ver o jogo do LASK como fazia no ano passado. Para ver de onde partimos. Em relação aos outros jogadores, volto a dizer, nós não temos mais um euro para gastar e quando as pessoas dizem que falta este jogador ou aquele o que nós fazemos é usar a polivalência de alguns, porque de outra forma não poderíamos manter os Matheus Nunes e os Potes. Fizemos o máximo que podíamos para manter a base. Se tivermos de arriscar só com um avançado de área? Só há um avançado de área, por isso é que há o Chermiti, o Gabriel que subiu aos juvenis. Essa é a nossa ideia. Aqui não há mais um euro, está tudo esticadinho. Não vamos arriscar o processo, se tivermos de arriscar com os miúdos, vamos arriscar com miúdos. O grande problema é termos sido campeões no primeiro ano. Se não tivéssemos sido diziam que o Sporting precisava de construir, com tempo. Mas como fomos campeões pensam que tem de ser de um momento para o outro”

Calendário

“Pode ser sempre excelente. Podemos ganhar o próximo jogo e depois preparar o próximo e ganhar. Se não for estaremos aqui para enfrentar as coisas. Nós temos a nossa ideia, não nos assusta. O que tivemos foi um empate. Temos de levar isto jogo a jogo, não pensar que empatámos o último. O começo é difícil mas nós gostamos. Eu sou sempre otimista”

A falta de Palhinha

“Esteve vários jogos na última temporada castigado. Na minha primeira época não, fugimos ao quinto amarelo [sorri], mas no ano passado não, esteve muitos jogos de castigo. Muitas vezes lesionado. Nós no ano passado penso que fomos a equipa que teve mais jogos sem sofrer jogos. É difícil olhar para os lances este ano e perceber que influência teria o Palhinha. O Morita esteve bem, o Ugarte entrou bem, o Palhinha já não é jogador do Sporting, penso que não é por aí”

Boletim clínico

“O Bragança está lesionado, o Paulinho também se lesionou hoje, não conta, temos de saber a gravidade da lesão. O St. Juste está a recuperar. Temos de nos lembrar que ele no ano passado teve problemas nos ombros e não fez assim tantos jogos. Na pré-época lesionou-se na primeira semana. Tem de ser aos poucos. Acho que nós este ano somos mais equipa, temos características diferentes, coisas que nos faltaram no ano passado, principalmente no fim. O Rochinha veio dar-nos opções, o Fatawu precisa de treino mas tem características muito boas, o Marcus Edwards está melhor, também pode jogar por dentro. Morita tem uma relação com a bola muito boa. O Ugarte se já estava bem no ano passado agora ainda está melhor. Temos o St. Juste que tem características diferentes, mandámos o Inácio para a esquerda”

Críticas nas redes sociais

“[Não tenho redes sociais mas] sei tudo o que os jogadores fazem. Acima de tudo, em relação ao treinador, os adeptos têm sido muito corretos, sempre. Tenho tido muito apoio. Toda a crítica tem sido correta, justa e até me dão méritos que não são só meus. Se há o outro lado, acho normal e eu lido bem. Eu protejo-me, não leio, não faço ideia, não leio notícias nenhumas para me proteger, é uma forma de viver a vida, de outra forma andávamos aqui todos deprimidos. É difícil para os jogadores. Eles tiveram nos últimos anos muito apoio dos adeptos e eles têm de perceber que há o outro lado, que é difícil. Quando têm o lado bom, têm de levar com o lado mau. Por mim fechavam todos as redes sociais porque a meu ver é uma liberdade muito grande. Mas por mais que eu lhes diga não vale a pena, por isso eles é que têm de gerir isso da melhor forma. Fico feliz por toda a gente ser mais exigente com o Sporting agora. O que interessa é no fim”