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Sporting

Uma 1.ª parte para estudar, pelas piores razões. E uma 2.ª para rever, por razões melhores

Foi um Sporting de contrastes aquele que se apresentou aos sócios este domingo em Alvalade frente ao Sevilla: dominado na 1.ª parte, mais solto e perigoso na 2.ª. Para ambas as situações, há notas a tirar para Rúben Amorim. Depois de 1-1 no tempo regulamentar, os espanhóis levaram o Troféu Cinco Violinos nas grandes penalidades

Lídia Paralta Gomes

PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

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O que se passou nos primeiros 45 minutos do Troféu Cinco Violinos deverá servir para o Sporting, essencialmente, como um aviso. Frente a um Sevilla que poderá ser um dos adversários do leão na Champions esta temporada, o Sporting foi dominado, manietado, pouco agradável quando se está a falar de uma apresentação aos sócios mas, pior ainda, quando a época ainda não começou e o Sporting já terá identificadas algumas das fragilidades.

Com um plantel que nunca mais acaba de qualidade, Julen Lopetegui entrou em campo com várias caras bem conhecidas do futebol português, como Óliver Torres, Jesus Corona, Marcos Acuña e Fernando. Esse conhecimento poderá ter, ou não, contribuído para o apagamento leonino nos primeiros 45 minutos. A dupla Óliver e Rakitic encheu o meio-campo, pressionaram, distribuíram, deixando muito pouco jogo para o Sporting, que não apresentou soluções nem alternativas. A jogar com um onze que não deverá fugir muito da base para a temporada, com Trincão como único reforço e a dúvida St. Juste no eixo da defesa (o neerlandês está lesionado e não jogou), o Sporting manteve a eficácia defensiva, com o único erro a ser aproveitado pelo Sevilla: Adán repôs mal, colocando a bola em Óliver com a defesa do Sporting desposicionada. O ex-FC Porto encontrou então outro antigo portista, Jesus Corona, que rematou para o 1-0. Fora isso, no ataque o Sevilla pouco existiu, com o jogo a disputar-se quase sempre a meio-campo, com domínio absoluto da equipa do sul de Espanha.

Sem conseguir sair na transição ou chegar à área, restou ao Sporting alguns remates de longe, com Nuno Santos a criar perigo perto do intervalo. Um intervalo do qual o Sporting apareceu transfigurado. Lopetegui mudou meia equipa, Amorim manteve o onze, apenas com a nuance Morita, que entrou ainda na 1.ª parte para o lugar de Ugarte, com problemas físicos.

Aos 49’, apareceu a primeira jogada com início, meio e quase fim do Sporting, num lance tradicional, com Coates a abrir para Porro, com o espanhol a cruzar para Paulinho na área. O remate saiu ao lado. Logo a seguir, mais uma boa jogada, agora pelo corredor central, com o talento de Trincão e a assertividade de Morita, com o japonês (bem no jogo, com critério e inteligência a fazer sobressair mais o meio-campo leonino) a encontrar Paulinho.

PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

Com a saída de Matheus Nunes, muito apagado, Pedro Gonçalves recuou e com o espaço que encontrou no meio-campo trouxe alguns dos melhores momentos do Sporting. Aos 75’, numa combinação túnel/no-look pass, encontrou Edwards na área, com o inglês a tirar o guarda-redes adversário do caminho, mas a ficar sem ângulo para o remate. O empate, que apareceu aos 82’, nasceu também da sua magia, a encontrar com um grande passe a desmarcação de Paulinho, que não poupou na força do remate.

O troféu acabou decidido nas grandes penalidades, com os leões derrotados (6-5) depois do falhanço de Fatawu, que atirou um míssil à barra.

Fica assim uma lição interessante para Rúben Amorim, que na 1.ª parte viu a sua equipa sem alternativas a meio-campo, dificuldades que os adversários irão seguramente trabalhar.

Melhor que, e esta será a única boa notícia, estas questões sejam identificadas ainda na pré-época. Na 2.ª parte, com as alterações no Sevilla e a subida de rendimento de Morita, Porro e Pote, o Sporting criou mais. Em ambos os momentos há impressões a tirar, inicialmente pelas piores razões, mas depois por razões melhores.