Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, e Nuno Mendes (Mustafá), líder da claque Juventude Leonina, foram detidos esta tarde pela GNR no âmbito da investigação à invasão na Academia de Alcochete por um grupo de adeptos do clube a 15 de maio.
O ex-presidente, detido na sua casa do Lumiar por volta das 18h, está indiciado pela autoria moral do ataque à academia do Sporting.
BdC e o líder da Juve passam esta noite na prisão em instalações da GNR e serão ouvidos pelo juiz de instrução do Tribunal do Barreiro, Carlos Delca, em princípio na próxima manhã de terça-feira. Deste processo já resultaram 38 arguidos, sendo Bruno de Carvalho e Mustafá respetivamente o 39.º e 40.º arguido.
Se se confirmarem os indícios, ambos deverão ficar em prisão preventiva, tal como os restantes detidos da invasão de Alcochete, acusados de ofensa à integridade física, terrorismo, incêndio florestal, coação sobre funcionário e ameaça agravada.
A PGR confirmou ao Expresso as "duas detenções no âmbito do inquérito relacionado com as agressões na Academia do SCP em Alcochete". Sem citar nomes, adiantou que "os detidos serão oportunamente presentes ao Juiz de Instrução Criminal para aplicação das medidas de coação". O prazo máximo é o de 48 horas após a detenção.
Pouco tempo antes do início do jogo Sporting-Chaves, a GNR levou a cabo buscas na sede da Juventude Leonina, no estádio de Alvalade, que terminaram já depois das 21h, altura em que Mustafá saiu do recinto escoltado pelas autoridades até às instalações da Unidade de Intervenção da GNR, na Pontinha. De acordo com a CMTV e com a TVI, os operacionais da GNR encontraram haxixe e uma pequena quantidade de cocaína na 'casinha', nome dado ao quartel general da Juve Leo.
No Lumiar, no apartamento de Bruno de Carvalho, as buscas domiciliárias foram dadas como findas passava já das 22h, tendo sido já apreendido um computador pessoal pertencente à filha mais velha do ex-presidente do SCP. Diligências consideradas por José Preto, advogado de BdC, de "vexatórias". Às 00h40, o mesmo advogado estava à porta do posto da GNR de Alcochete, deixando indícios de que Bruno de Carvalho pernoita naquele local.
Ao início da madrugada, a CMTV dava conta que a GNR fazia buscas em casa de Mustafá que acompanhava as diligências.
Os mandados de detenção do MP pedem prisão preventiva para os dois suspeitos, a medida de coação mais gravosa e semelhante à dos restantes 38 arguidos.
A acusação do DIAP de Lisboa tem de estar pronta até ao próximo dia 21, caso contrário os primeiros 23 detidos da Juve Leo serão libertados, pois só podem estar seis meses em prisão preventiva. Os prazos só serão alargados se for decretada especial complexidade do caso por parte do juiz de instrução.
Investigação e Juve
A detenção do oficial de ligação com os adeptos, Bruno Jacinto, há cerca de um mês, terá acelerado a investigação da GNR. O seu advogado chegou a afirmar publicamente que quem deveria estar na prisão era Bruno de Carvalho e não Bruno Jacinto. Recorde-se que Jacinto telefonou para a academia do Sporting poucos minutos antes da invasão para avisar o diretor de segurança da deslocação de um grupo de adeptos leoninos a Alcochete.
Logo após a detenção de Bruno Jacinto, o ex-presidente do Sporting deslocou-se com o seu advogado, primeiro ao DCIAP e depois ao DIAP de Lisboa (que lidera o inquérito) disposto a ser ouvido pelo Ministério Público, mas ninguém o quis receber.
A atual direção do Sporting tem-se afastado dos dirigentes da Juventude Leonina, ao contrário do que acontecia nos tempos de Bruno de Carvalho. Recorde-se que na última semana, quando a equipa se deslocou a Londres para defrontar o Arsenal, o presidente Frederico Varandas recusou-se a cumprimentar Mustafá, gesto que desagradou aos adeptos da claque que viraram costas ao presidente.
Logo após a invasão de 15 de maio, a Juve Leo emitiu um comunicado a desmentir que estivesse por trás do ataque a jogadores e dirigentes leoninos. Estas detenções, sobretudo a de Nuno Mendes, vieram provar que tal não corresponde à verdade. Também o anterior líder da Juventude Leonina, Fernando Mendes, se encontra em prisão preventiva.
Bruno de Carvalho e Mustafá são assim detidos seis meses depois da invasão. Mas um mês após as primeiras detenções, o juiz Carlos Delca fez referência ao papel de BdC no ataque a Alcochete, considerado que os comentários de Bruno de Carvalho nas redes sociais "potenciaram o clima de animosidade" entre uma parte dos adeptos. Nessa altura, o magistrado fez também referências ao papel de Mustafá junto da claque.
Na sequência da invasão em Alcochete, vários atletas rescindiram unilateralmente o contrato com o clube, entre eles Rui Patrício, Gelson Martins, Rafael Leão e Podence. Outros como Bas Dost e Bruno Fernandes voltaram atrás e fazem parte da equipa nesta temporada.