“És um labrego, trolha e aldrabão! Já não te consigo aturar!"
A 27 de março, terça-feira, esta foi uma das frases que Bruno de Carvalho escreveu na sua já defunta conta de Facebook sobre António Salvador, presidente do Sporting de Braga, devido a uma divergência entre o Sporting e o clube minhoto sobre a transferência de Rodrigo Battaglia para Alvalade, no início desta época, e supostos valores a pagar.
No mesmo dia, mas horas antes, o clube minhoto emitira um comunicado a reagir à transferência de uma verba relativa ao negócio do jogador argentino, escrevendo que "só pode ser reveladora de uma de duas coisas: um equívoco ou uma trafulhice".
O que se terá seguido, segundo a imprensa desportiva, foi o dirigente bracarense a apresentar uma queixa-crime, a título pessoal, contra o líder leonino. E o que se seguiu, por certo, foi a Comissão de Instrutores de Inquérito da Liga Portuguesa de Futebol Profissional chamar Bruno de Carvalho devido ao tal post que escrevera no Facebook, apurou a Tribuna Expresso junto de fonte próxima do processo.
Nesse encontro, o presidente do Sporting foi informado de que seria alvo de uma suspensão e chegou a um acordo com a referida comissão quanto ao cumprimento dos seis dias do castigo - para não coincidir com a partida frente ao Benfica, a 5 de maio, a suspensão começaria a ser aplicada no sábado passado, 29 de abril.
Mas, para que tal acordo tivesse validade, teria de ser homologado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol até esse último sábado de abril, para que Bruno de Carvalho cumprisse a suspensão até 4 de maio.
Aí está o problema.
Porque o acordo, assinado e subscrito pelo Sporting e pelo Conselho de Instrutores de Inquérito, foi enviado a 25 de abril ao Conselho de Disciplina. E, durante os oito dias seguintes, o órgão da FPF não se terá pronunciado sobre se iria, ou não, homologar o acordo.
Perante a demora, o Sporting comunicou à federação a perda de validade do acordo, pois já não haveria tempo para evitar que a suspensão coincidisse com a data do dérbi contra o Benfica.
Esta quarta-feira, porém, o Conselho de Disciplina homologou um acordo que, no fundo, já não era válido, decretando a suspensão de seis dias com base no tal documento. Ou seja, não se tratou de uma decisão do próprio Conselho de Disciplina, mas sim a homologação de um documento que, mesmo não tendo validade, impede que o Sporting de apresentar um recurso com efeito suspensivo.
O órgão da FPF aplicou o castigo ao presidente leonino, que assim não se poderá sentar no banco de suplentes durante o encontro de sábado (20h30), em Alvalade, que será fulcral para averiguar que equipa poderá ficar no segundo lugar que dá acesso ao play-off de apuramento para a Liga dos Campeões, na próxima temporada.
Ao que a Tribuna Expresso apurou, o Sporting considera que o Conselho de Disciplina foi inoperante e não respeitou os elementos do acordo, escolhendo homologá-lo quando já não tinha validade.