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Fábio Coentrão surge para defender Ronaldo: “As pessoas são injustas. Ele, neste momento, se estivesse no Real Madrid marcaria 60 golos”

Há muito que Fábio Coentrão opta por se manter desligado do mundo do futebol, mas numa altura em que sente que um dos seus antigos colegas de equipa está a ser injustiçado, teve de falar. O ex-jogador de clubes como Benfica, Sporting e Real Madrid, saiu em defesa de Cristiano Ronaldo, de quem espera muito neste Mundial

Rita Meireles

CHRISTOF STACHE

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A determinada altura já são necessários resumos, ou qualquer pessoa se perde no meio de tanta informação. Começou no verão, Cristiano Ronaldo queria sair do Manchester United mas Jorge Mendes, o seu agente, acabou por não receber nenhuma proposta capaz de satisfazer esse desejo. Seguiu-se a ausência na pré-época, por causa de um problema de saúde da filha, a desconfiança do clube, um início de época pouco pacifico com o treinador Erik ten Hag e, por fim, a entrevista sem filtros a Piers Morgan que acabou por levar à rescisão do contrato de Ronaldo com o clube inglês.

É este o tema que inevitavelmente marca o início do Mundial da seleção portuguesa, mesmo que os jogadores já tenham mostrado vontade de virar a página e falar apenas sobre a competição. Por outro lado, e numa altura em que há quem questione Ronaldo até como colega de equipa, existem os que se afastaram do futebol, mas regressam com o único objetivo de defender o capitão da seleção.

Em entrevista ao website espanhol “Relevo”, Fábio Coentrão, que jogou com Cristiano Ronaldo no Real Madrid, reagiu à situação poucas horas depois do comunicado do United a dar conta do final do contrato.

"É uma vergonha o que está a acontecer. Um tipo que faz o que faz toda a sua vida, penso que é muito feio o que lhe está a acontecer. Mesmo que ele não esteja a jogar ao nível que tem, é muito feio. As pessoas começam a falar dele, que ele está mal com os seus colegas de equipa, e coisas assim que são mal interpretadas. É horrível porque eu sei como ele é. Convivi com ele muitos anos e ninguém tem de me dizer como ele é: eu sei", explicou.

O jornalista Sergio Fernández destaca mesmo que se notou o quão zangado Coentrão está com toda esta situação. “É impossível que Cristiano não esteja bem com o Bruno ou com qualquer um deles. Ele é um tipo fantástico. Só quer jogar futebol. Se há alguém que não precisa mais do futebol para viver, é ele. E as pessoas têm que lavar a boca antes de falarem dele. Não tem de provar nada a ninguém, é alguém que marca 700 golos na sua carreira, não tem de provar nada a ninguém", continuou o ex-jogador.

Agora que o capítulo Manchester United está encerrado na carreira do capitão da seleção, fica a incerteza em relação ao futuro. Depois do Mundial, para onde vai jogar Ronaldo? Enquanto esta pergunta não tem uma resposta oficial, Coentrão deixou uma sugestão.

“Se o [Real] Madrid, neste momento, tem Benzema que marca 40 golos, sabes muito bem que o Cristiano neste momento, se estivesse no Madrid, marcaria 60. Vocês sabem, eu sei e qualquer pessoa que saiba um pouco de futebol sabe. Em Manchester as coisas não estavam a correr bem para ele porque as pessoas de lá o estavam a incomodar. A verdade é que as pessoas têm sido muito injustas com Ronaldo. As pessoas dizem o que querem, mas se Cristiano estivesse num clube como o Real Madrid ou Barcelona neste momento, faria o que quisesse”, defendeu.

O único sobrevivente do trio “BBC” (Benzema, Bale e Cristiano) é atualmente o maior nome do Real Madrid. Ao longo dos anos, e com a saída de outros jogadores importantes no clube, Benzema recebeu a braçadeira de capitão e chegou à tão desejada Bola de Ouro. Mas para Coentrão, por muito bom que seja, não é Cristiano Ronaldo.

“O Ronaldo fez as coisas bem toda a sua vida: golos, assistências. Não creio que o Benzema alguma vez consiga fazer o que o Cristiano fez pelo Real Madrid. E eu adoro o Karim, ele é muito bom, mas para mim o Cristiano está num nível superior. Ele nunca vai ser como ele. Marcou mais golos do que jogos que jogou. É uma loucura”, disse.

Fábio Coentrão continua a optar por não falar sobre ele próprio, garantindo apenas que está bem e que não quis ficar calado numa altura em que há outros ex-jogadores “que não são nada, uma merda, e falam do Cristiano como pessoas que conseguiram algo”. E garantiu: a resposta vai chegar no Mundial 2022.

“Agora no Mundial ele vai calar muitas bocas. É isso que ele tem de fazer. Ele ainda tem muito a oferecer no Mundial. Eu conheço-o, sei do que é capaz”, concluiu.