A determinada altura já são necessários resumos, ou qualquer pessoa se perde no meio de tanta informação. Começou no verão, Cristiano Ronaldo queria sair do Manchester United mas Jorge Mendes, o seu agente, acabou por não receber nenhuma proposta capaz de satisfazer esse desejo. Seguiu-se a ausência na pré-época, por causa de um problema de saúde da filha, a desconfiança do clube, um início de época pouco pacifico com o treinador Erik ten Hag e, por fim, a entrevista sem filtros a Piers Morgan que acabou por levar à rescisão do contrato de Ronaldo com o clube inglês.
É este o tema que inevitavelmente marca o início do Mundial da seleção portuguesa, mesmo que os jogadores já tenham mostrado vontade de virar a página e falar apenas sobre a competição. Por outro lado, e numa altura em que há quem questione Ronaldo até como colega de equipa, existem os que se afastaram do futebol, mas regressam com o único objetivo de defender o capitão da seleção.
Em entrevista ao website espanhol “Relevo”, Fábio Coentrão, que jogou com Cristiano Ronaldo no Real Madrid, reagiu à situação poucas horas depois do comunicado do United a dar conta do final do contrato.
"É uma vergonha o que está a acontecer. Um tipo que faz o que faz toda a sua vida, penso que é muito feio o que lhe está a acontecer. Mesmo que ele não esteja a jogar ao nível que tem, é muito feio. As pessoas começam a falar dele, que ele está mal com os seus colegas de equipa, e coisas assim que são mal interpretadas. É horrível porque eu sei como ele é. Convivi com ele muitos anos e ninguém tem de me dizer como ele é: eu sei", explicou.
O jornalista Sergio Fernández destaca mesmo que se notou o quão zangado Coentrão está com toda esta situação. “É impossível que Cristiano não esteja bem com o Bruno ou com qualquer um deles. Ele é um tipo fantástico. Só quer jogar futebol. Se há alguém que não precisa mais do futebol para viver, é ele. E as pessoas têm que lavar a boca antes de falarem dele. Não tem de provar nada a ninguém, é alguém que marca 700 golos na sua carreira, não tem de provar nada a ninguém", continuou o ex-jogador.
Agora que o capítulo Manchester United está encerrado na carreira do capitão da seleção, fica a incerteza em relação ao futuro. Depois do Mundial, para onde vai jogar Ronaldo? Enquanto esta pergunta não tem uma resposta oficial, Coentrão deixou uma sugestão.
“Se o [Real] Madrid, neste momento, tem Benzema que marca 40 golos, sabes muito bem que o Cristiano neste momento, se estivesse no Madrid, marcaria 60. Vocês sabem, eu sei e qualquer pessoa que saiba um pouco de futebol sabe. Em Manchester as coisas não estavam a correr bem para ele porque as pessoas de lá o estavam a incomodar. A verdade é que as pessoas têm sido muito injustas com Ronaldo. As pessoas dizem o que querem, mas se Cristiano estivesse num clube como o Real Madrid ou Barcelona neste momento, faria o que quisesse”, defendeu.
O único sobrevivente do trio “BBC” (Benzema, Bale e Cristiano) é atualmente o maior nome do Real Madrid. Ao longo dos anos, e com a saída de outros jogadores importantes no clube, Benzema recebeu a braçadeira de capitão e chegou à tão desejada Bola de Ouro. Mas para Coentrão, por muito bom que seja, não é Cristiano Ronaldo.
“O Ronaldo fez as coisas bem toda a sua vida: golos, assistências. Não creio que o Benzema alguma vez consiga fazer o que o Cristiano fez pelo Real Madrid. E eu adoro o Karim, ele é muito bom, mas para mim o Cristiano está num nível superior. Ele nunca vai ser como ele. Marcou mais golos do que jogos que jogou. É uma loucura”, disse.
Fábio Coentrão continua a optar por não falar sobre ele próprio, garantindo apenas que está bem e que não quis ficar calado numa altura em que há outros ex-jogadores “que não são nada, uma merda, e falam do Cristiano como pessoas que conseguiram algo”. E garantiu: a resposta vai chegar no Mundial 2022.
“Agora no Mundial ele vai calar muitas bocas. É isso que ele tem de fazer. Ele ainda tem muito a oferecer no Mundial. Eu conheço-o, sei do que é capaz”, concluiu.