Em entrevista à “New York Magazine”, Simone Biles, de 24 anos, diz que “nunca deveria ter feito parte de outra equipa olímpica” depois de tudo o que passou “nos últimos sete anos”. Em 2018, a jovem contou em público que foi abusada fisicamente por Larry Nassar, o antigo médico da equipa de ginástica dos EUA, atualmente.
“Foi demasiado. Mas eu não ia deixar que ele me tirasse algo para o qual eu trabalhei desde os seis anos. Não ia deixá-lo tirar-me essa alegria,” argumenta Biles, que se tornou um símbolo da importância da saúde mental no desporto. “Ignorei o caso tanto quanto a minha mente e o meu corpo deixaram,” acrescentou.
Esperava-se dela que ganhasse mais algumas medalhas de ouro em Tóquio. No entanto, Simone nem sequer participou em cinco das seis finais para as quais se qualificou com a esperada facilidade. Na altura, Biles surpreendeu o mundo ao dizer que tinha de se “focar na saúde mental”. Mais tarde, a sorridente norte-americana admitiu ter sofrido alguns “twisties”, um bloqueio mental perigoso que acontece enquanto as ginastas estão no ar e consiste numa perda de orientação.
Com quase tantos títulos mundiais como anos de vida — 19 troféus, 24 anos de idade — Simone Biles admite que competir com “twisties” é “basicamente vida ou morte”. “É um milagre ter conseguido aterrar de pé,” desabafa.
Biles contou também que, mal aterrou em Tóquio, começou a ter crises de ansiedade, em parte devido às restrições impostas pela pandemia e que impediram a presença dos fãs e das famílias nas bancadas dos recintos desportivos. “À medida que se aproximava [a abertura dos Jogos] fiquei cada vez mais nervosa. Não me senti tão confiante como devia,” admitiu.