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Râguebi

Os franceses “ficaram malucos” com o râguebi de Portugal no Mundial. E agora anda França maluca com os ensaios de Raffaele Storti

Os franceses “ficaram malucos” com o râguebi de Portugal no Mundial. E agora anda França maluca com os ensaios de Raffaele Storti
NUNO BOTELHO
O último Mundial de râguebi abriu o apetite a Raffaele Storti. Foi o melhor marcador de ensaios da seleção nacional, voltou imediatamente ao Béziers, clube da ProD2, a segunda divisão francesa, e desatou a fazer mais: leva 16 ensaios feitos e, com 12 jornadas por disputar, já “ouviu dizer” que só está a quatro do recorde da competição. Mas o português, de 23 anos, diz à Tribuna Expresso que não está a pensar nisso. “Se tudo correr bem”, para o ano está a jogar na principal liga de França

A ratice foi dele, esperto e matreiro a escapulir-se na brecha de relva que havia entre o ruck onde os fijianos adormeceram, por segundos, e a linha lateral. Pegou na bola com uma mão, acelerou, deu corda às pernas e esperou que dois adversários se fixassem nele para dar um passe a Rodrigo Marta, mesmo à beira da área de ensaio. Não foi Raffaele Storti, então com o seu aparado bigode, a tocar essa oval na relva, provavelmente a mais fulcral da história do râguebi português por ter garantido a primeira vitória num Mundial, dessa vez entregou a última das formalidades a quem também faz pela vida do râguebi francês. Mas, três meses depois, é devido a ensaios que ouve um “lá vai a estrela”, libertado em troça para o ar, quando se aproxima de nós para falar.

Estamos no Jamor, é terça-feira, cheira a relva pisada e remexida no final do segundo treino feito pela seleção nacional desde o Campeonato do Mundo. Ainda a arfar um pouco, a sua respiração sentir o peso da correria da partida sem placagens terminado nem há dois minutos, a existência de Raffaele Storti é correr. E muito correu no torneio onde deixou três ensaios e deu nas vistas como um dos expoentes do râguebi à moda portuguesa, cheio de velocidade, jogo à mão e espetacularidade. “Senti mais reconhecimento e malta que me abordava durante o dia e a noite para dar os parabéns, na rua”, concede. É natural que a sua cara não pareça estranha, mesmo se no topo dos lábios já não haja o tal telhado de pêlo.

Com o braço esquerdo amarrado em ligaduras, não houve português que lograsse quebrar a linha defensiva mais vezes (oito) no Mundial, registo suficiente para acabar no top 10 do torneio nesse capítulo que ajuda a aferir quem atazana mais o juízo aos adversários. No estilo de râguebi que saliva por campo aberto e promove sprints dos pontas e do defesa, uma das setas que encantou o público foi Storti. “Fomos, sem dúvida, a equipa mais apoiada a seguir aos franceses, eles ficaram malucos com o nosso tipo de jogo e com a surpresa que fomos”, garante, aos 23 anos, o ‘emigrante’ com conhecimento de causa.

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