As regras do râguebi estão prestes a mudar, apesar de o tema continuar a polarizar a modalidade. A ideia passa por baixar o limite até onde se pode fazer uma placagem a um jogador, algo que que não é consensual entre os puristas, visto que a regra iria mudar a forma como o râguebi sempre foi jogado. Mas a federação inglesa que pretende mesmo banir as placagens acima da cintura a nível amador.
O diretor executivo da World Rugby, Alan Gilpin, confirmou na passada quinta-feira os planos para seguir a ideia da Rugby Football Union (RFU), a entidade reguladora da modalidade em Inglaterra, e reescrever as suas próprias regras. O que não será igual à proposta inglesa é a regra propriamente dita. Em entrevista ao “The Telegraph”, o diretor confessou ser provável que o limite, que neste momento é na zona dos ombros, não baixe tanto, ou seja, fique mais elevado que o nível da cintura.
Apesar das críticas, a mudança parece ter também a aprovação de outros países. Inglaterra deu o primeiro passo, mas Gilpin garantiu que há outros preparados para seguir o exemplo.
"Sim, queremos garantir a implementação de uma altura para a placagem mais baixa em todas as partes do jogo. A forma como isso é implementado é ligeiramente diferente no jogo amador em relação ao jogo de elite. É um ambiente ligeiramente diferente, por várias razões, na parte de elite, particularmente a nível internacional, porque o nível de prestação médica, capacidade de diagnóstico, etc., é muito diferente”, disse ao jornal britânico.
Algo que também não será igual em relação à proposta inglesa é o intervalo de tempo para a implementação das mudanças. Os britânicos adotam as regras a partir da próxima época, a World Rugby está a apontar para a temporada 2024/25 ou até depois do Campeonato do Mundo de 2027.
"A RFU está obviamente no processo de implementação de algumas mudanças que nós apoiamos. Porque sabemos, a partir da investigação, ciência e medicina, que baixar a altura da placagem é uma parte importante para tornar o jogo mais seguro. Há muito trabalho a fazer para educar as pessoas. Mas temos de, como desporto, tentar encontrar esse equilíbrio difícil mas importante entre segurança e tornar o jogo divertido para se ver”, continuou.
Essa é talvez a parte mais difícil, passar a mensagem às pessoas de forma a que todos entendam e aceitem que o râguebi como sempre o conheceram precisa de mudar para se tornar algo mais seguro para quem o pratica.
Quando a decisão inglesa foi anunciada, alguns jogadores e treinadores reagiram à notícia. Ao que tudo indica, serão eles alguns dos integrantes do grupo dos que estão contra a mudança.
"Não tenho a certeza se a investigação está suficientemente completa para dizer que baixar a altura da placagem é a linha de ação correta", disse Mark McCall, diretor do clube de râguebi Saracens, ao ‘The Guardian’. "Claro que concordo com tornar o jogo o mais seguro possível, mas não tenho a certeza de que isto o vá conseguir. Isto também altera substancialmente o jogo”.
Como McCall, falou Johnny Sexton, capitão irlandês, e Andy Farrell, treinador da Irlanda e ex-treinador da seleção inglesa. Nenhum concordou com a ideia.