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“Foi simplesmente o resultado de idiotice e nada mais”: Cherif Traorè perdoou os colegas depois de receber uma banana no jantar de Natal

Traorè, em Itália desde os sete anos e é membro da seleção nacional, recebeu uma banana podre na troca de presentes do Benetton, um clube de râguebi italiano, e demonstrou publicamente o seu descontentamento. Agora, o grupo pediu-lhe desculpa e ele aceitou: “Estou certo de que o que aconteceu nos tornará ainda mais fortes”

Hugo Tavares da Silva

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“Quando chegou a minha vez, dentro do meu presente encontrei uma banana. Uma banana podre, dentro de um saco molhado”

Depois de receber uma banana no ‘Amigo Secreto’ no jantar de Natal do Benetton, um clube de râguebi de Itália, Cherif Traorè levantou a voz para que este tipo de insulto racista não se volte a repetir. O atleta admitiu que teve de habituar-se a piadas destas, colocando “uma cara corajosa” para não sentir ódio pelos outros. Mas desta vez foi diferente.

O clube de Treviso reagiu algumas horas depois nas redes sociais através de um comunicado, mas também de uma publicação na qual desvalorizou o episódio, explicando que às vezes se ofende um familiar e que o importa é entender o erro e pedir desculpas. Na publicação do clube está anexado um vídeo onde não surgem os colegas – o arquiteto do gesto racista ou aqueles que se riram e foram cúmplices –, nem o capitão, nem o treinador ou o presidente. Só aparece Traorè, a vítima, um jogador da seleção italiana de râguebi, naquele país desde os sete anos, longe da Guiné onde nasceu. Cherif tem 28 anos.

Uma hora antes de esse vídeo ser publicado, o clube publicou um comunicado onde deu conta de uma reunião com todos os jogadores, diretor geral e presidente. Dali, garante o comunicado, resultou uma “firme posição de condenação do clube contra qualquer forma de expressão de racismo e discriminação”, seguindo-se depois um pedido de desculpas por parte dos atletas.

Traorè aceitou o pedido de desculpas. “A reunião desta tarde foi uma oportunidade para discutir e compreender que o que o meu colega de equipa fez durante a troca de presentes de Natal foi simplesmente o resultado de idiotice e nada mais”, disse o jogador visado.

E acrescentou: “Estou feliz com o gesto e estou certo de que o que aconteceu tornará o grupo ainda mais forte. Somos uma família e, como tal, continuaremos a comprometer-nos dentro e fora do campo a lutar, como sempre fizemos, contra todas as formas de discriminação”.

Já Michele Lamaro, um dos capitães, reforçou que o grupo “condena todas as expressões de racismo” e que não tolera “nenhuma forma de discriminação” no balneário.

“Todos estamos conscientes de que certos limites nunca devem ser ultrapassados”, continuou Lamaro. “Finalmente, gostaria de anunciar publicamente que, como equipa, decidimos reforçar o nosso compromisso social, enveredando por um caminho que visa combater qualquer forma de discriminação.”