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Sérgio Conceição ainda acredita no título? “Obviamente, sempre foi o meu discurso e continuará a ser até às 20h de sábado”

Na véspera do jogo contra o Vitória, no Dragão (18h, Sport TV1), que decorrerá à mesma hora da partida do Benfica, o treinador do FC Porto frisou acredita na conquista do título “até ao último segundo do jogo”. Sérgio Conceição garantiu que o contexto de sábado não vai afetar os dragões e explicou que “para quem gosta de ganhar, ganhar passa a ser um vício”

Expresso

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Primeiro, os agradecimentos

“Queria começar por agradecer a todos os adeptos - vamos ter, mais uma vez, uma casa muito bem composta -, não só em casa, mas principalmente nos jogos fora, transformando cada estádio em que estivemos num ‘mini-Dragão’. Um muito obrigado a todos, porque a assistência desta época é só comparável com 2017/18, no meu primeiro ano aqui [como treinador] e a 2003/04, quando fomos campeões da Europa. Eles são a mais-valia do clube, sem dúvida nenhuma, os adeptos. Depois, agradecer também a vocês [os jornalistas], alguns não estão cá. Algumas vezes tiveram de esperar um bocadinho naquilo que foi o treino e a preparação daquilo que é mais importante, que é o jogo, desculpas/obrigado.”

Depois, o jogo contra o Vitória

“Espero um jogo competitivo perante uma equipa que vem de quatro vitórias consecutivas, nós também estamos num bom momento a todos os níveis, conseguimos levar o campeonato até à última jornada e amanhã [sábado] cabe-nos ganhar perante uma equipa competitiva.”

Qual é o grau de confiança em poderem conquistar o título?

“Vocês já me conhece, posso ser um bocadinho repetitivo, mas acho que a confiança não tem a ver com os adversários ou qualquer tipo de situação, tem a ver com o nosso dia a dia e o trabalho. Temos de ganhar o nosso jogo e depois, por volta das 20 horas, saberemos quem é o campeão. É isso que temos de fazer, focarmo-nos no nosso jogo.”

Mas ainda acredita?

“Obviamente, sempre foi o meu discurso e continuará a ser até amanhã às 20h, sensivelmente, depende depois dos descontos ou do prolongar do jogo. Mas penso que às 20h terá acabado. Sim, acredito.”

O Benfica e o Santa Clara, que vai jogar no Estádio da Luz

“Espero que o Vitória faça um jogo dentro daquilo que tem feito nos últimos jogos, que os tem ganho, e espero sinceramente que o FC Porto esteja à altura de um jogo difícil, vamos ter momentos em que teremos de estar muito concentrados para ganharmos os três pontos, que é o mais importante. Quanto ao que se passa noutros campos, nunca falei de outras equipas que não o adversário direto que vamos ter, por isso também não o vou fazer hoje.”

Quem merece mais ser campeão?

“Ó [ri-se]... Estamos a fazer o nosso trabalho e amanhã saberemos o que vai acontecer. Isto de merecer ou não merecer… É isto, não há mais nada a dizer.”

Houve algum momento decisivo para o FC Porto, nesta altura, não estar em melhor posição?

“Houve momentos que não foram tão positivos, já tivemos oportunidade de falar nisso. No dito campeonato entre os grandes nós estamos à frente, em termos de pontuação, se fosse entre nós, as equipas do top-4. Então é porque não fizemos tão bem as coisas contra equipas teoricamente mais acessíveis.”

Teme que o contexto de amanhã possa afetar a equipa?

“Pois, esse é o verdadeiro trabalho [o Vitória não sofre golos há três jogos], o mais emocional e de estado de espírito, isso não acontece. Somos profissionais de futebol, sabemos que a vida dos jogadores e dos treinadores é assim mesmo, temos de olhar para o nosso passado recente e futuro próximo. No passado, temos dois títulos ganhos, uma inédita Taça da Liga que pela primeira vez entrou no museu; e lutamos por dos títulos, um depende de nós, o outro não, decide-se amanhã. Vamos ver o que acontece, sempre disse que é até ao último segundo do jogo. Como queremos ganhar o jogo, vai depender muito da forma como queremos estar no mesmo contra uma equipa que se organizar bem defensivamente e não precisa de muitas oportunidades para fazer golos.

Olhámos para o que podemos provocar para desmontar a boa organização defensiva do Vitória, se defendem um bocadinho mais baixo ou alto, e onde lhes podemos provocar fragilidades; isso para mim é que é importante como treinador e ter os jogadores focados exclusivamente nisso, em desmontar o adversário e sermos consistentes em termos defensivos para não sofrermos. É dessa forma que pensamos e o ambiente foi exatamente igual ao de semanas passadas. Estou completamente tranquilo e confiante para darmos uma boa resposta nesse jogo.”

O FC Porto perdeu pontos em sete jogos e cinco foram nas 11 primeiras jornadas

“Se me diz que houve jogos em que tivemos bem posicionados para ganhar ou para, no mínimo, empatar, tivemos. Esta talvez seja a segunda melhor volta, se ganharmos amanhã. O ano passado fizemos 91 pontos com, salvo erro, dois empates e uma derrota, no célebre jogo em Braga, enfim… Esta segunda volta está a ser ainda melhor do que a do campeonato onde temos o recorde de pontos. Mas isso faz parte do percurso e da evolução das equipas. Se me custou em alguns jogos? Sim, umas vezes - e devo dizer também, porque é dessa forma que o sinto -, por culpa própria e outras por terceiros, é a grande realidade. Há erros e coincidências pelo meio, mas não queria entrar por aí, mas em todos os jogos em que perdemos pontos ao longo dos anos aqui, ficam-me na cabeça. Sentimos muito a perda de pontos e tentamos trabalhar esses erros para fazer evoluir o jogador porque aí a equipa será sempre mais forte. Iniciámos este campeonato de forma não muito consistentes, mas chegámos a um ponto onde sinto que somos mais maduros, mais espertos, com mais maturidade no jogo, se precisamos de baixar um bocadinho a intensidade com bola, tudo é fruto dessa evolução.”

Dois pontos do 1.º lugar à última jornada

“[ri-se] É a sensação de que, para já, fomos perseverantes e resilientes na nossa forma de estar, sempre disse que faz parte o ADN desta equipa não atirar a toalha ao chão mesmo quando perdemos alguns pontos que não eram expectáveis e a que as coisas ficavam mais difíceis. É uma característica da nossa equipa, dos meus jogadores, deste clube e desta região, é um orgulho poder estar inserido nela. Depois, saber que não fizemos tudo bem. Estamos habituados a dar uma resposta fantástica ano após ano, nestes seis anos ultrapassámos sempre a barreira dos 80 pontos, mas não jogamos sozinhos, temos de ser cada vez mais fortes a todos os níveis inerentes ao jogo - mas, às vezes, junta-se uma terceira equipa que nem sempre é feliz.”

As nomeações dos árbitros para a última jornada

“No nosso jogo, temos o melhor árbitro português, não tenho nada a dizer. Dos outros jogos não falo.”

Sentiu necessidade de pressionar a sua equipa?

“Faz parte da minha forma de estar, a minha é pressionante, eu sou pressionante, sou muito incisivo nas ideias que quero e a equipa também, normalmente é a imagem do treinador. Sou muito exigente comigo próprio, é nos melhores momentos que fico desconfiando, é no elogio que fico desconfiado - e fazem-me alguns -, sinto-me mais confortável quando me critica, me chamam nomes e me assobiam. Não digo isto para mandar uma indireta aqui ou acolá, é exatamente isso que sinto. É nos melhores momentos que se tende a relaxar. Para quem gosta de ganhar, ganhar passa a ser um vício. Sinto-me normal a ganhar e acho que é anormal perder, é o meu estado de espírito. Se quiser mudar para ser simpático para algumas pessoas, não consigo, porque não sou eu, prefiro agarrar nas minhas malinhas e ir para Coimbra, para Anadia, para a minha casa.”

Em caso de empate do Benfica, o FC Porto teria de golear à moda antiga (11 ou mais golos de diferença)

“Nós trabalhamos para ganhar o jogo. Num dos últimos, meti muita gente na frente porque precisava de ganhar para continuar na luta. Mas gosto desse equilíbrio na equipa, que a equipa faça golos, mas não sofra. A consistência tem que ver com os momentos em que temos a bola e não temos. Se ficar um 6-4, alguma coisa não está bem dentro daquilo que é o nosso perfeccionismo.”

Os arranques de campeonato do seu FC Porto

“É o que estava a dizer há bocado, tínhamos de ser mais consistentes durante a época toda, se o tivéssemos sido no início, provavelmente a classificação seria diferente.”

As primeiras palavras da conferência soaram a despedida

“[solta uma gargalhada] Mais uma vez, obrigado a vocês por me aturarem muitas vezes, não é fácil. Principalmente os atrasos.”