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Sérgio Conceição: “Gosto de futebol tricotado e ligado, tenho é de ter jogadores que permitam que essa dinâmica faça golos e não sofra”

O treinador do FC Porto, em antevisão ao jogo de domingo (20h30, Sport TV1) frente ao Casa Pia, falou sobre a inspiração que falta à equipa para ter só o 4.º melhor ataque deste campeonato e garante que trocava o recorde de ser o técnico com mais jogos no clube pela conquista de títulos, pelos quais é “muito obcecado”. E ainda falou, mais uma vez, sobre o tempo útil de jogo

Expresso

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O jogo contra o Casa Pia, sem Otávio

“Um jogador não é a equipa, nós dependemos de todos e não especificamente de um. O Otávio é um jogador importante dentro da nossa dinâmica, um jogador experiente que trabalha comigo há sete anos e teve uma evolução muitíssimo boa a todos os níveis não só naquilo que é enquanto jogador, como na capacidade de perceber o jogo. Está muito alinhado com o meu pensamento e aquilo que quero para a equipa nos diferentes momentos do jogo. É uma baixa importante, assim como o Marcano que tem sido preponderante no processo defensivo e quando chega à frente, onde é muito capaz e presente na área adversária.

Temos outros que têm de dar uma resposta positiva e trabalham bem. Já tivemos outros momentos com ausências e nunca utilizei isso como desculpa para um eventual resultado negativo. Onze jogadores vão entrar em campo, nove vão estar no banco comigo e vamos fazer tudo para ganharmos os três pontos.”

O Casa Pia

“Olhamos para os diferentes cenários, mas, em termos estruturais, não tem mudado nada, apesar de ter jogado com jogadores diferentes. É olhar para as características de quem tem jogado mais. Vai ses uma equipa a defender em 5-4-1 com um bloco baixo, tem laterais muito ofensivos como sabemos, os tais dois médios no corredor central que têm alguma qualidade e nos homens da frente, nomeadamente o Rafael Martins mais como referência e o Godwin a atacar a profundidade. Depois, vai depender de quem joga como central, o Vasco Fernandes tem mais experiência. Os jogadores mudam, mas em termos de dinâmica quando tem a bola e não tem, não tem mudado assim tanto.”

E João Mário, vai jogar?

“Vi as notícias, além de papagaios existem passarinhos que saem daqui a voar do Olival, não sei como, porque ele realmente fez um treino com a equipa, mas voltou a sentir algumas dificuldades físicas na sua lesão e voltou a parar. Não estará apto.”

É melhor jogar depois dos rivais?

“Nunca dei grande importância a jogar antes ou depois, são 34 jornadas, temos de jogar todas. Neste momento, o importante é focarmo-nos no nosso jogo, estando atento a outros, é normal. Temos de estar focados e concentrados no nosso jogo contra o Casa Pia, que é uma equipa muito consistente e está a fazer um bom campeonato apesar de os últimos resultados não serem os mesmos da primeira volta, mas eles não desaprenderam e a qualidade individual existe.”

É o treinador com mais jogos no FC Porto

“Trocava esse recorde pela vitória no campeonato. Estou cá há seis anos e os jogos vão-se somando, é verdade, fico muito honrado porque atrás estão treinadores com prestígio enorme, mas, sinceramente, não me traz mais felicidade do que isso. O que me interessa é ganhar amanhã e ganhar títulos, sou muito obcecado com isso. É o que é, nada de especial nesse recorde, o que me importa é ganhar ao Casa Pia e na próxima jornada possamos ir a Famalicão e dar uma boa resposta e, depois, no final da Taça, espero que possamos ganhar mais um título.”

No top-10 de partidas no tempo útil de jogo não há nenhuma do FC Porto

“Tudo o que diga, normalmente, interpretam para o lado que querem e fica difícil meter cá para fora aquilo que sinto. Sempre falei nisso desde que cheguei aqui. Nestes seis anos, sabemos das características do FC Porto - é uma equipa agressiva, intensa, que mete um ritmo alto no jogo. E muitas vezes deparamo-nos com equipas que normalmente não são tão agressivas connosco e elevam o número de faltas, podem ir pesquisar. Olhamos para os quatro grandes e comparamos.

Isto é como a posse de bola, ‘o FC Porto não é uma equipa de posse’, o que é mentira. Em quatro anos, fomos talvez a equipa com mais posse no campeonato, permitimos é muito pouco ao adversário porque roubamos a bola rapidamente e queremos chegar rápido à baliza. E não temos aqueles ataques de um minuto em posse, mas essas equipas que têm os ataques de um minuto em posse permitem ao adversário que os tenha e chegam ao fim e é ela por ela.

Ouvi, por acaso, no final do jogo um jogador do Arouca, talvez com algum ressabiamento por ter perdido o jogo, que somos uma equipa de cruzamentos e profundidade - é mentira. A nossa média é de 12 por jogo, a do SC Braga é 15 e a do Sporting e Benfica é 18. Isso é mentira. Essa procura da profundidade queria eu, que já tivemos noutros anos e acho que nos falta no último terço. Esse movimento de rutura, esse arriscar, esse ousar no último terço tem-nos faltado um bocadinho e depois não temos sido eficazes em termos ofensivos.

Voltando ao tempo útil… Quando o árbitro começa a permitir desde o início que o pontapé de baliza do adversário demore, eu mando o Diamantino Figueiredo [treinador de guarda-redes], que está no banco, contar, e são 20 ou 30 segundos por cada pontapé e chegamos ao fim com um minuto ou dois. Atenção, não estou a criticar nenhum tipo de estratégia, também já representei clubes de dimensão menor e o que fazia era baixar um bocadinho o bloco e sermos também uma equipa agressiva. Mas nunca pedi a um guarda-redes, ou aos meus defesas ou jogadores, para queimarem tempo, nem uma vez na minha carreira. Mas isso faz parte de cada treinador. Acho que é um problema o tempo de jogo, sim.”

O Real Madrid-Manchester City na Champions e o futebol mais de toque

“Já foram ver na história os golos fantásticos que temos? Gosto desse futebol tricotado e ligado, tenho é de ter jogadores que permitam que essa dinâmica em posse faça golos e não sofra. O futebol é isto. Se for menos tricotado e fizerem golo, qual é o objetivo? É marcar golos e ganhar, andamos aqui todos para isso.”

FC Porto é o 4.º melhor ataque do campeonato

“Não vou falar dos atacantes, falo da equipa, provavelmente, antes éramos uma equipa mais inspirada do que hoje somos.”