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FC Porto

Um FC Porto imune à sangria

Numa eliminatória em que o Benfica só passou nos penáltis e o Sporting foi uma das oito equipas da I Liga a cair, os dragões muito cedo afastaram a tendência. À meia-hora de jogo já venciam o Anadia por 3-0, numa exibição segura, feita de processos simples. A goleada por 6-0 deixa o detentor do título na próxima fase

Lídia Paralta Gomes

PAULO NOVAIS/LUSA

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As 24 horas anteriores tinham dado vários avisos às equipas da I Liga na Taça de Portugal. O Benfica só bateu o Caldas nos penáltis, o SC Braga desembrulhou o jogo com o Felgueiras no último minuto e o Sporting, ainda mais estrondoso, tinha acabado de ser eliminado pelo Varzim quando o FC Porto já dava os primeiros toques na bola em Anadia. Pelo caminho, outros sete emblemas da principal divisão também saíram de cena mais cedo, vergados por um misto de corajosas equipas da II Liga, Liga 3 e até do Campeonato de Portugal.

Prova isto que numa competição a eliminar não há histórias já contadas, que o nível está mais alto e que há equipas que vêem na Taça de Portugal uma hipótese de brilhar. Hipóteses essas que o FC Porto não deu ao Anadia, outra equipa da Liga 3 que teria tudo para entrar em campo também ilusionada com os feitos das suas congéneres de divisão.

Só que à meia-hora de jogo já o FC Porto, com muitas alterações no onze, vencia por 3-0, tornando simples e rápido um processo que outros transformaram em moroso e até numa descida aos infernos. Com processos simples e aproveitando também o espaço que o Anadia foi dando a Otávio, a equipa de Sérgio Conceição começou forte, com Danny Namaso a fazer o primeiro aos 6’, numa entrada de rompante de cabeça que disse sim a um cruzamento de Toni Martinez pela direita, terreno onde o FC Porto ia tendo liberdade para avançar. Dois minutos depois, o espanhol poderia ele mesmo ter marcado, mas Manuel Gama fez a primeira de várias intervenções importantes.

Não seria ali, mas não demoraria muito mais. Aos 11’, Otávio lançou o jovem Veron, um passe que foi meio golo e que o brasileiro tornou em golo completo. E aos 31’ chegaria mesmo a vez de Martinez, com Veron novamente na jogada, um lance rápido, feito de poucos toques, que começou em Cláudio Ramos e passou pelos pelos expeditos pés de Otávio antes de chegar ao ataque.

Em menos de nada, o FC Porto afastou qualquer chance de se juntar à sangria dos grandes, esmagou os possíveis sonhos e expectativas do Anadia. A partir daí, era gerir.

PAULO NOVAIS/LUSA

Gerir q.b. porque baixar ritmo é coisa que Sérgio Conceição desdenha como diabo renega a cruz e na 2.ª parte o FC Porto voltou a entrar forte, com o 4-0 a surgir da cabeça de Fábio Cardoso, rapaz nascido não muito longe dali, em Águeda. O livre lateral foi marcado por Bruno Costa e logo a seguir Veron falhou isolado, com boa defesa de Gama.

Estávamos ao minuto 50 e houve então vislumbres de Anadia. Diogo Silva esteve perto de um bonito, numa bola que foi à barra, com Cláudio Ramos a fechar bem a recarga acrobática. Depois foi o veterano Fausto Lourenço a surgir na cara do guarda-redes do FC Porto, mais uma vez atento, a limpar a falta de ritmo que Manafá ia manifestando no regresso à competição, deixando espaço para Papalelé cruzar à vontade.

Foi, digamos, o canto do cisne, na chuva inclemente que caía na Bairrada. Nos últimos minutos, já com a equipa da Liga 3 em visível défice físico, o FC Porto engordou a vantagem, primeiro com Toni Martínez a bisar, de cabeça, com Bruno Costa a colocar também o seu nome nos registos, num bom trabalho na área após passe de Bernardo Folha, jovem que já esta semana se tinha estreado na Champions e teve agora nova oportunidade.

Não houve surpresas no estádio do Anadia, as surpresas que se foram sucedendo ao longo do fim de semana, às quais o FC Porto, quase sempre uma equipa hiper-competitiva, soube ser imune. Sérgio Conceição fica ainda com boas indicações de Namaso e principalmente de Veron (bom jogo do brasileiro). Segue-se a 4.ª eliminatória e sexta-feira há clássico com o Benfica.