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O carteiro do Irão voltou com boas notícias

Mehdi Taremi fez as duas assistências – para Zaidu e Galeno – na vitória do FC Porto contra o Bayer Leverkusen, no Estádio do Dragão, a contar para a terceira jornada da Liga dos Campeões. Graças a uma segunda parte afinada e a um penálti defendido por Diogo Costa, os portugueses somam os primeiros pontos e estão na luta pelo apuramento no Grupo B

Hugo Tavares da Silva

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Pepe, Pepê, Uribe, Pepê, Eustáquio, Uribe, Galeno, Taremi e Zaidu. Assim foi o ritmado e maravilhoso verso que, obedecendo às mais altas instâncias divinas do futebol, deu o primeiro golo da noite ao FC Porto. Houve um pouco de tudo naqueles segundos. A leitura e a recuperação de bola do imperioso Pepe. A destreza de Pepê para jogar numa zona recuada. O entendimento entre o brasileiro, Uribe e Eustáquio. Quilos de coragem para manter a jogada de pé. O movimento e aceleração de Galeno. A alma de carteiro carregado de boas notícias que vive dentro de Taremi. E Zaidu, tal como naquela tarde na Luz, que apareceu para resolver mais um problema complicado.

A equipa de Sérgio Conceição venceu esta noite, no Estádio do Dragão, o Bayer Leverkusen, aflito na Bundesliga, por 2-0, com golos de Zaidu (entrou pelo tocado Wendell) e Galeno, também com uma assistência primorosa do iraniano, que tem recebido palavras boas e carinho sem limites do treinador nas conferências de imprensa.

Conceição, que apostou em João Mário na defesa (a única alteração em relação ao jogo com o Sp. Braga), alertara precisamente para não haver precipitação, apesar das duas derrotas nas primeiras duas jornadas do grupo. E foi isso mesmo que se viu nos primeiros 45 minutos. Muito expostos e vulneráveis à admirável pressão dos alemães, os futebolistas de azul viviam em agonia. Não se guardava a bola nem se saía com qualidade.

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Do outro lado havia pedalada para tapar os buracos e morder as botas dos homens da casa. Os laterais, Frimpong (acabaria expulso) e Hincapié, pareciam extremos e criavam muitas situações de 2x1 no corredor, ajudando os energéticos Diaby e Hudson-Odoi. Aránguiz e Andrich iam controlando a sala das máquinas no miolo e Adam Hložek aproximava-se do refinadíssimo Patrik Schick.

O VAR foi talvez o principal protagonista desta metade. Primeiro anulou um golo do Leverkusen, por falta de Andrich no início da jogada a Pepê. Depois, mais perto do intervalo, o vídeo-árbitro voltou a entrar em ação para ajudar o árbitro, anulando um golo de Taremi e assinalando um penálti para os visitantes, por mão na bola de David Carmo. Schick, tal como fizera no República Checa-Portugal, não foi capaz de marcar a Diogo Costa. Desta vez, o português fez uma enorme defesa, tal como faria pouco depois a remate do mesmo avançado canhoto, que encarou Pepe e tentou emendar aquela falha.

Pelo meio, Uribe atirou um míssil à baliza germânica, valeu o voo e certeza de Hradecky. Os de Leverkusen estavam realmente melhores, com a bola e na energia, mesmo estando na zona de despromoção na Bundesliga e chegados ao Porto após goleada contra o Bayern Munique (0-4).

O Porto manteve-se precipitado e pouco afinado. Talvez por isso, Otávio entrou mesmo ao intervalo pelo apagado Bruno Costa. O lado direito ganhou outra dinâmica, assim como o espírito da equipa. Há jogadores assim, que levantam os outros, que transmitem algo. O internacional português quase, quase fez o 3-0, em cima da hora, depois de mais uma bela jogada que teve Galeno e o tal senhor carteiro do Irão ao barulho.

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O Porto voltou bem do intervalo e, sem mexidas no marcador, Conceição olharia mesmo para a frente, colocando Galeno em campo e Pepê a lateral direito, com liberdade para chegar à frente e fazer as suas coisas. As suas coisas, convém especificar, passam por derreter os rins e a paciência alheios. Houve um lance especial, quando deixou Demirbay e Hincapié colados à relva, lambendo a genialidade do craque brasileiro.

Já com Grujic em campo, pelo cansado e aqui e ali errático Uribe, e Toni Martínez (por Evanilson), o Porto já ia controlando melhor o jogo. A situação ficou muito mais favorável com a expulsão de Frimpong, por entrada dura sobre Galeno.

“Temos de ganhar senão ficamos numa situação muito difícil, mas estamos habituados a este tipo de situações”, avisara na véspera Sérgio Conceição. E assim foi. A vitória traduz-se num salto para o segundo lugar do Grupo B, embora com os mesmos pontos do que Leverkusen e Atlético de Madrid, que esta noite perdeu com o Club Brugge, o líder do grupo com nove pontos em três jornadas.