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Taremi resolveu o galo de Toni com as linhas

Em Barcelos, o espanhol Toni Martínez foi titular e andou em guerra com as linhas do VAR, até o iraniano afastar qualquer tipo de fantasmas pós-derrota com o Rio Ave. Com golos a fechar a 1.ª parte, o FC Porto bateu por 2-0 um Gil Vicente que cresceu após o intervalo, mas sem conseguir materializar o perigo que criou

Lídia Paralta Gomes

MIGUEL RIOPA/Getty

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Poderá ser ou não uma forma de apontar responsáveis, mas no onze do FC Porto para o jogo com o Gil Vicente não estavam cinco jogadores que foram titulares na derrota com o Rio Ave há uma semana. A defesa, quase nova. O desastre que foi o jogo de Marcano em Vila do Conde trazia a oportunidade perfeita para chamar David Carmo, a grande contratação do FC Porto para esta época, e nas laterais Sérgio Conceição também parece ter apontado o dedo a João Mário e Zaidu, também mal nesse desaire. E com Pepê a descer a lateral direito e Eustáquio a surgir a meio-campo, os dragões foram um bocadinho mais aquilo que se viu há um ano, sem o losango dos últimos jogos, com Otávio mais vagabundo e Galeno como extremo mais fixo. Na frente, e porque isto não pode ser só castigos, Conceição deu a titularidade que Toni Martínez fez por merecer em casa do Rio Ave.

E o espanhol, que não sendo um génio é mestre a queimar linhas, mago a fazer miséria nas costas dos adversários, seria mesmo uma das figuras do jogo. Não pelo que fez, mas pelo que ia fazendo. Ligeiramente menos em sintonia com essa arte da desmarcação do que o costume, Martínez colocou a bola duas vezes dentro da baliza de Andrew Silva, dois golos que o VAR anularia por fora de jogo, o segundo dos quais aos 35 minutos, numa altura em que o FC Porto sofria com um Gil fechado, sem capacidade para ligar o jogo.

Mas cada jogo terá os seus heróis. Martínez foi a chama da reação do FC Porto em Vila do Conde, mesmo que, na prática, de nada tenha valido a sua boa entrada. Já Taremi falhou a grande penalidade que poderia ter dado aos campeões nacionais a oportunidade de iniciar mais cedo uma recuperação. E calhou-lhe este sábado ser o desbloqueador.

Sem permitir que o FC Porto entrasse em modo desespero depois dos lances anulados a Toni Martínez, o iraniano tomou conta da ocorrência e ainda antes do intervalo resolveu fechar um jogo que podia pôr-se difícil. Aos 41’, deu o devido seguimento a uma bola que teimosamente pairava pingando na área do Gil Vicente, com um vólei de primeira e colocado, cheio de intenção. Um bom golo para abrir o marcador em Barcelos e afastar possíveis fantasmas.

MANUEL FERNANDO ARAUJO/EPA

Três minutos depois, foi um dos pivôs de uma bela jogada coletiva do FC Porto, a desmarcar Stephen Eustáquio (outra das belas exibições desta noite) com um passe que rebentou com a linha defensiva do Gil. O internacional canadiano até podia ter rematado, mas colocou a cereja no topo do esforço de equipa, oferecendo a bola a Galeno para um golo mais fácil.

A 1.ª parte não tinha sido exatamente um desastre para o Gil, que durante largos minutos obrigou o FC Porto a jogar mal e sem fio, mas Ivo Vieira terá gostado muito pouco dos cinco minutos finais. Ao intervalo, fez quatro alterações, praticamente uma vida nova para tentar a surpresa nos restantes 45 minutos. A equipa da casa passou a jogar com três centrais e demorou a adaptar-se ao novo sistema. Aos 47’, após um erro numa saída para o ataque do Gil, Toni Martínez quase marcava, mas esta noite as balizas não queriam nada com o espanhol. Logo de seguida, Taremi presenteou o jovem Tomás Araújo com um drible curto delicioso, mas o remate posterior saiu mal.

E a partir daí o Gil cresceu.

Pedro Tiba, o experiente médio português que esta época regressou ao nosso campeonato, colocou o metrónomo em campo e Kevin Villodres trouxe a capacidade de fantasiar o jogo. Com eles, o Gil Vicente teve outra chegada e instalou-se na meio-campo do FC Porto. Aos 62’, um remate de longe de Tiba passou perto da barra de Diogo Costa, que estava no lugar certo quando aos 75’ Fran Navarro cabeceou sem oposição, mas à figura do guardião, que já tinha estado seguro na 1.ª parte ao defender um remate de Bilel aos 7’, na primeira oportunidade de golo do encontro.

Do FC Porto viu-se pouco na 2.ª parte. Entre a gestão e a dificuldade em suster um Gil que veio do intervalo com outra atitude, os dragões tiveram dificuldade em controlar o jogo e um golo da equipa da casa poderia ter abalado as estruturas. Mas pareceu faltar sempre o último momento ao Gil Vicente, que continua a fazer um campeonato discreto depois do brilharete da época passada.

Para a equipa de Sérgio Conceição foi o regresso às vitórias, a vitória número 200 do treinador desde que chegou ao FC Porto. Sobe a 3.º, com menos um ponto que o SC Braga e três que o Benfica.