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Sérgio Conceição: “Gosto de sentir esse fervor das bancadas, o próprio insulto que nos chega de forma fácil. Faz parte, é futebol”

Na antevisão ao jogo com o Vizela (domingo, 18h, Sport TV1), o treinador do FC Porto falou das dinâmicas da equipa com Grujic e sem Vitinha, discutindo também o tempo útil de jogo e das confusões nos bancos na I Liga, em que "toda a gente deve melhorar". Sérgio Conceição deixou ainda um abraço ao Benfica e respetivos adeptos pela morte de Fernando Chalana, além "das gentes" de Guimarães que sofreram com a "violência gratuita" de "delinquentes"

Expresso

DeFodi Images

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Otávio vai regressar?

“Há uma altíssima probabilidade de entrarmos com 11 jogadores no jogo com o Vizela, só se ficarem doentes a maior parte dos jogadores. Faz parte da minha responsabilidade analisar quem está melhor para começar o jogo.”

E David Carmo?

“Os jogadores são todos diferente uns dos outros e nas origens também, vêm de contextos diferentes. O que me deixa satisfeito é o que me dão diariamente, na seriedade que metem no trabalho, toda a dedicação que têm, o trabalharem sempre no limita para que eu possa ter algumas dores de cabeça. Esse é o meu trabalho, escolher o melhor onze e os jogadores que penso que amanhã, nos diferentes parâmetros e na estratégia para o jogo, são os melhores. Depois, temos reforços no banco para nos irem ajudando. Estou aqui há cinco anos, esta é a sexta época, e penso que todos os anos o grupo é bom, os jogadores que vão entrando ou que não jogam tanto acabam sempre por dar uma boa resposta porque a dedicação deles é grande, diariamente.

Seja o Otávio, seja o David Carmo, seja quem for, o importante é ter esse estado de espírito diariamente, depois é escolher. Há alguns que necessitam de um tempo maior de adaptação e isso é absolutamente óbvio e evidente, porque vêm de contextos diferentes; outros pertenciam ao nosso campeonato e têm mais facilidade em perceber o que é ser FC Porto. Depois, olhando para isso, é escolher os jogadores que iniciam o jogo e estão a ficha de jogo.”

O Vizela

“Tem mais um ano de experiência e trabalho juntos, com o Álvaro Pacheco, que fez um trajeto fabuloso com muitos daqueles jogadores nestes últimos anos. É cada vez é uma equipa mais sólida com certeza e vai ser um jogo difícil do campeonato, cabe-nos fazer o máximo para termos as despesas do jogo para ganhar e conquistarmos os três pontos, que são importantíssimos nesta maratona que é o campeonato.

Conhecemos as características do Vizela, é uma equipa agressiva quando não tem bola, houve uma situação contra o Rio Ave que vem dessa boa agressividade. Continua num 1-4-3-3 - porque o guarda-redes também conta - muito similar ao que acontecia o ano passado. Tem usado o Kiko Bondoso mais vezes como avançado, o ano passado era mais ala. Fomos ver tudo o que fez nesta pré-época e no jogo oficial que fez, em que ganhou em Vila do Conde, um dos campos difíceis onde se tem de jogar.

Máximo respeito, máxima humildade para irmos a Vizela e, dentro da nossa dinâmica de jogo e qualidade individual e coletiva, ganharmos os três pontos que é aquilo que queremos.”

Os adeptos dos grandes costumam encher os estádios fora. Em Vizela, não

“Já o disse muitas vezes, gosto de ir ver jogos da distrital pelas paixões que há nos adeptos e pelas pequenas rivalidades - não estou a dizer que o Vizela é de segundo ou terceira divisão. Jogar com adeptos apaixonados como tem o Vizela ou o Vitória, por exemplo, e o FC Porto, é sempre bom para o futebol. É o tal condimento de que falámos em tempos de pandemia e que faltava. Obviamente que prefiro ter uma casa cheia onde todos sejam adeptos do FC Porto - já agora, ficámos muito felizes por, em poucas horas, os bilhetes para os adeptos do FC Porto esgotarem.

Gosto de sentir esse fervor das bancadas, o próprio insulto que nos chega de forma fácil. Faz parte, é futebol.”

Grujic tem sido titular e o contraste com Vitinha

“É uma discussão interessante, é falar de futebol. Durante a semana, fui vendo alguma da imprensa. Acho que são jogadores completamente diferentes e nós temos de ajustar o nosso modelo, a nossa estrutura, aquilo que queremos para a nossa equipa em termos de dinâmica, dependendo um bocadinho dos jogadores que temos à disposição. É promovendo e potenciando ao máximo as características de cada jogador que formamos um onze forte. O Grujic não tem de ser o Vitinha, o Vitinha faz parte do passado.

É um jogador que, da forma como jogávamos quando tínhamos bola e quando não a tínhamos, fez uma época extraordinária. Agora não está o Vitinha, estão outros médios que dão coisas diferentes ao jogo, também positivas, em situações que nos deixam confortáveis para ganhar jogos. Se dissermos que o Vitinha procurava determinados espaços, que gostava mais de estar na primeira fase de construção do que, se calhar, no último terço; se quisermos dizer que o Marco é mais defensivo, não estou nada de acordo, também tem essa capacidade de chegar.

Mas, o que espero dele e o que eu quero, é dessa forma que estamos a jogar. O Luís Freitas Lobo, no “Jogo”, levantou um bocadinho o véu do que é ter ou não Vitinha, ou Grujic, ou Mateus… Temos de nos reinventar e criar situações diferentes até, para os jogadores que estão disponíveis se sentirem confortáveis na dinâmica que queremos meter na equipa.”

O tempo útil de jogo

“Tivemos uma reunião com os árbitros e, realmente, foi muito boa essa partilha, acho que se deveria promover mais esse tipo de encontros. Há comunicação, eles dão o ponto de vista deles, nós damos o nosso. Poderíamos falar aqui de várias coisas. Todos nós temos de contribuir, porque o tempo perdido pelo VAR, por exemplo, é menor do que nas substituições ou nas reposições de bola do guarda-redes, ou nas ‘novas’ lesões dos guarda-redes em que eu tenho batido nos últimos anos. Há muitas situações que todos nós podemos e devemos melhorar.

Mas também acredito que há equipas que vêm ao Dragão, não tão fortes nem apetrechadas como nós em termos de grupo de trabalho, que têm as suas estratégias. Também já estive do outro lado, nunca queimei tempo dessa forma, com 11 atrás da linha da bola e no meu terço defensivo. Às vezes, até é o próprio jogador a provocar essa perda de tempo. Mas lá está, são todos os intervenientes no jogo que devem melhorar. Estamos nos três últimos no tempo útil de jogo na Europa toda e acho que toda a gente, eu incluído, devemos melhorar. Mas houve outras situações faladas, também muito importantes, como o caso das confusões nos bancos, tudo isso é importante que se fale. Todas as partes deram o seu ponto de vista, agora é importante que se dê o passo em frente.”

As palavras para o fisiologista do FC Porto, por Chalana e para Guimarães

“Perder no futebol é mau, mau, mau, mas bastante doloroso é o nosso fisiologista, o Eduardo, perder o pai. As memórias não se perdem, mas, em termos físicos, as pessoas perdem, mas adoramos o nosso Eduardo, temos um carinho grande por ele, e aqui vai um grande abraço para ele e a família. Isso é que são perdas. E tenho de referir o nome do Chalana, que foi um génio e dos maiores do futebol português, e mando aqui também um abraço para os sócios, adeptos e simpatizantes do Benfica, e toda a sua estrutura.

E, por fim, mandar um abraço aos adeptos e às gentes da cidade de Guimarães, por quem tenho muito carinho, porque sofreram na última semana coisas que não são nada boas para o futebol. São delinquentes que utilizam o futebol para a violência gratuita. De uma maneira ou de outra, isso é que me deixa verdadeiramente sentido.”