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FC Porto

A preponderância de Otávio e 10 minutos de reforços

O FC Porto bateu o Monaco por 2-1 no jogo de apresentação aos sócios, a uma semana da estreia oficial, na Supertaça. Com Bruno Costa e Eustáquio titulares a meio-campo, apenas com a entrada do Otávio na 2.ª parte se viram vislumbres do dragão da época passada. Os reforços David Carmo e Gabriel Veron tiveram pouco tempo para se mostrar

Lídia Paralta Gomes

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

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A saída de Vitinha, mais do que a de Fábio Vieira, colocava Sérgio Conceição num impasse: o que fazer para substituir o homem que pautava o jogo do FC Porto, que lhe dava os tempos necessários, de batuta nos pés? O encontro de apresentação aos sócios com o Monaco, equipa de boa memória para os portistas, com a memória de 2004 ainda tão fresca, respondeu apenas a parte da questão.

O FC Porto entrou em campo com uma linha de três a meio-campo, com Bruno Costa e Eustáquio a fazerem companhia ao titularíssimo Uribe, a única constante naquela linha média. Eustáquio como uma espécie de Vitinha, mas a visitar menos terrenos centrais, foi aposta falhada. Bruno Costa mal se viu. E aqui estará provavelmente a maior dúvida de Sérgio Conceição para a estreia oficial, daqui a uma semana, na Supertaça com o Tondela. Otávio, como se viu quando entrou na 2.ª parte, é essencial na manobra do FC Porto, mas parece faltar um elemento que traga a magia pragmática que Vitinha levou para o Parque dos Príncipes. Nos primeiros minutos, os dragões tiveram dificuldades em mostrar a qualidade associativa que os levaram ao título na última época, ainda que nem tudo sejam más notícias: Evanilson e Taremi continuam a complementar-se e Pêpe, a jogar mais adiantado, deu esse açúcar ao jogo. O brasileiro parece ter recomeçado a nova época exatamente onde deixou a última: a ameaçar ser uma das figuras desta equipa.

O mesmo serve para Diogo Costa, seguríssimo em dois ou três lances dos terceiros classificados da Ligue 1 na última época logo no início, e para Pepe, o eterno Pepe, uma parede de betão com 39 anos, fresco como se tivesse 25. Ao seu lado, Marcano mostrou grandes dificuldades em seguir o ritmo do seu veterano companheiro, mas David Carmo chegou ao FC Porto para ser titular, apesar do pouco tempo que teve este sábado para se mostrar.

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

Passemos então para a 2.ª parte, onde o FC Porto foi mais FC Porto, quando a entrada de Otávio tudo mudou. Os campeões nacionais tornaram-se então numa equipa mais intensa, mais entrosada, mesmo com Conceição ir ao banco e a atirar gente nova lá para dentro. A partir dos 55’ houve mais FC Porto e aos 67’ chegou o primeiro, golo de Taremi a transformar um penálti que ele próprio sofreu. Pouco depois, o recém-entrado Galeno deu a melhor sequência a um passe alto de Uribe, penteando a bola e dando-lhe um efeito que enganou Nubel, o alemão que defende a baliza do Mónaco.

Foi o melhor período do FC Porto, ainda que se mantenham alguns focos de preocupação: as más decisões de Galeno, a falta de alternativas a meio-campo e nas alas, numa altura em que ainda não se sabe como será a adaptação de Gabriel Veron à equipa. O jovem brasileiro e David Carmo, os reforços da equipa para esta época, tiveram apenas 10 minutos de ação e de Veron viu-se pouco, para lá de um bom corte em terrenos mais atrasados, mas também um par de perdas de bola. Já Carmo transpira a tranquilidade dos grandes centrais e só não teve uma estreia de sonho porque o árbitro anulou o golo que marcou no primeiro toque que deu com a camisola do FC Porto. Dificilmente não será o substituto de Mbemba.

O Mónaco ainda reduziria para 2-1 por Ben Yedder, através de grande penalidade, com o FC Porto a segurar a vitória para sócio ver nos minutos finais.

Para a Supertaça ficam, no entanto, algumas dúvidas, mais a meio-campo, menos noutros sectores onde a equipa parece mais equilibrada. O futebol apoiado da época passada poderá sofrer aqui um revés, mas será ainda cedo para saber que FC Porto é este, sem Vitinha, Fábio Vieira ou Francisco Conceição.