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A balada de dois emigrantes portugueses na vitória do FC Porto em Moscovo

Manuel Fernandes e Éder, com um penálti falhado e outro concedido, respetivamente, estiveram em destaque na vitória dos dragões, por 3-1, frente ao Lokomotiv (que foi mais difícil do que o resultado sugere)

Tiago Oliveira

Sergei Savostyanov

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Não é fácil a vida de herói. Que o diga Eder, o grande Ederzito daquela noite de 10 de julho de 2016 no Stade de France, já há-de ter ouvido falar. Desde esse momento glorioso com a camisola das quinas que carreira do avançado levou-o de terras gaulesas ao Lokomotiv de Moscovo, onde reencontrou o compatriota Manuel Fernandes. Juntos, foram figuras na conquista do título russo e agora queriam deixar a sua marca frente ao FC Porto. Objetivo logrado, mas não da forma que queriam.

Os dois internacionais foram figuras na vitória por 3-1 do FC Porto na capital russa, com o médio a falhar um penálti logo aos 10 minutos de jogo (se bem que seria injusto não mencionar a grande estirada de Casillas) e o avançado a cometer a grande penalidade convertida por Marega que, aos 26 minutos, colocou os dragões em vantagem sem que tivessem feito muito por isso.

Muito ou mesmo nada, melhor dizendo. Com Óliver a ser a grande novidade no onze lançado por Sérgio Conceição, os planos do treinador portista deviam ter segurança defensiva e posse com critério entre as opções destacadas mas nem um nem outro se viram. A jogar em casa e a precisar de uma vitória após duas derrotas nas duas primeiras jornadas, os comandados de Yuri Semin estavam obrigados a ganhar e, perante o desacerto defensivo portista, estiveram muito próximos da vantagem.

Se Alex Telles foi descuidado na forma como abordou o lance do castigo máximo, estaria em destaque por melhores razões ao minuto 19, quando por duas vezes salvou em cima da linha de golo a equipa. Lance individual de Denisov pela esquerda a lançar o pânico e a obrigar à redenção do lateral esquerdo, enquanto os colegas viam jogar.

Só que aos 26 minutos, o primeiro português desta história entrou na história do jogo. Na grande área moscovita, Eder fez falta sobre Filipe e o árbitro não teve dúvidas em apontar para a marca da grande penalidade. Encarregado da marcação, Marega não facilitou e fez o 1-0 para o FC Porto.

Resultado algo injusto nesta fase e que, pouco depois, seria dilatado. Jesús Corona, talvez o melhor elemento portista em campo, arrancou um centro da direita com Herrera a finalizar à ponta de lança e a mexer de novo no marcador aos 35 minutos.

Dois remates à baliza e eficácia máxima dos dragões para uma vantagem de dois golos que duraria pouco. Porque logo aos 38 minutos, após um erro de Éder Militão, Anton Miranchuk rematou para o fundo das redes portistas, após assistência do irmão Aleksey. Recompensa justa para os moscovitas que partiam com outro alento para o intervalo e já pensavam no assalto ao empate para a segunda parte.

Árbitro nega Eder

Só que a qualidade individual do FC Porto fez logo questão de repôr a vantagem de dois tentos. Grande lance de Brahimi, ao seu estilo, a deixar dois adversários para trás num slalom pelo meio e a servir na perfeição Corona que, de ângulo apertado, fuzilou o guardião do Lokomotiv. 3-1 aos 47 minutos e a almofada a ficar mais confortável outra vez.

Claro que se tem estado atento a este texto, é capaz de já ter percebido que os dragões não estavam a dar grandes garantias ofensivas e, qualquer aceleração por parte do Lokomotiv bastava para criar desequilíbrios. Até junto de Casillas que, se não fosse a má decisão de de fora de jogo da equipa de arbitragem, teria permitido a Eder redimir-se aos 55 minutos e lançar a recuperação.

Foi preciso saber sofrer, mas o golo anulado pareceu esvaziar um pouco o balão da equipa de casa que, apesar de alguns arrufos junto da defensiva portista, pareceu resignar-se. Só a partir daí é que o FC Porto conseguiu controlar melhor o jogo e, até final, os dragões estiveram mais perto de ampliar a vantagem que o contrário.

Após a expulsão de Kverkvelia aos 80 minutos, o pouco perigo que ainda existia desapareceu e o FC Porto garantiu naturalmente a vitória por 3-1 e a liderança isolada do grupo D após o empate no outro jogo do grupo. Noite positiva para os dragões, com contributo inglório dos dois imigrantes portugueses.