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Opinião

O medo joga em casa e de borla

O Medo foi, uma vez mais, o homem do jogo no Benfica-FC Porto. Uma espécie de Mantorras ao contrário. Ele joga em casa quando os dragões visitam a Luz, escreve Bruno Vieira Amaral sobre o medo que está entranhado no betão do estádio, nos camarotes, na canalização. Este medo coletivo não quer saber da solitária coragem de nenhum benfiquista que o desdenhe: “É o nosso 12.º jogador. Entra mesmo que não tenha sido convocado”

Bruno Vieira Amaral

PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

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Ah, meus amigos, a crónica após a vitória do Porto no Estádio da Luz é um género literário independente. É o Eterno Retorno traduzido para futebolês. São as toalhas que nunca se atiram ao chão de um lado, o bloqueio psicológico dos jogadores da equipa da casa do outro, a robustez mental de uns, o terror infantil, desesperado, dos outros, o aparecimento de um herói improvável – Zaidu, Manafá, Manel ou Manelinho – a criar nos adeptos do Benfica a ideia de que o Porto podia entrar hoje com a equipa que alinhou há trinta anos e que mesmo assim sairia vencedor, a perspetiva fatalista de que se, por um acaso cósmico, o Benfica jogasse com o “onze” do Manchester City e tivesse no banco Pep Guardiola ainda assim sairia derrotado. Provas deste ciclo infernal, deste redemoinho eterno em que rodopiam os amantes do Benfica? Aqui estão elas:

Escrito em 2018: “Regressaram os velhos fantasmas que já assombravam a casa antiga e que acompanharam o proprietário para a nova moradia. Este fantasma, que veste de azul e branco, tem resistido a todos os exorcistas, chamem-se eles Jesus ou Vitória, nomes talismânicos que nada parecem temer à exceção das correntes arrastadas pelo espetro que, uma vez por ano, desce à Luz para inquietar os corações dos inquilinos.”

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