Ah, meus amigos, a crónica após a vitória do Porto no Estádio da Luz é um género literário independente. É o Eterno Retorno traduzido para futebolês. São as toalhas que nunca se atiram ao chão de um lado, o bloqueio psicológico dos jogadores da equipa da casa do outro, a robustez mental de uns, o terror infantil, desesperado, dos outros, o aparecimento de um herói improvável – Zaidu, Manafá, Manel ou Manelinho – a criar nos adeptos do Benfica a ideia de que o Porto podia entrar hoje com a equipa que alinhou há trinta anos e que mesmo assim sairia vencedor, a perspetiva fatalista de que se, por um acaso cósmico, o Benfica jogasse com o “onze” do Manchester City e tivesse no banco Pep Guardiola ainda assim sairia derrotado. Provas deste ciclo infernal, deste redemoinho eterno em que rodopiam os amantes do Benfica? Aqui estão elas:
Escrito em 2018: “Regressaram os velhos fantasmas que já assombravam a casa antiga e que acompanharam o proprietário para a nova moradia. Este fantasma, que veste de azul e branco, tem resistido a todos os exorcistas, chamem-se eles Jesus ou Vitória, nomes talismânicos que nada parecem temer à exceção das correntes arrastadas pelo espetro que, uma vez por ano, desce à Luz para inquietar os corações dos inquilinos.”