São importantes e produtivos todos os momentos em que os protagonistas do jogo (e refiro-me aos protagonistas a sério: jogadores, treinadores e árbitros) têm liberdade para dar a sua opinião de forma livre e descomplexada.
A raridade com que isso acontece, nunca se percebeu bem porquê, torna mais valioso o testemunho de quem joga, treina e dirige o espetáculo que todos gostamos de ver e aplaudir. O espetáculo que emprega milhares de pessoas e que contribui significativamente para o PIB nacional.
Como dei devida nota, há não muito tempo a FPF organizou, com a excelência habitual, o evento "Football Talks", onde num dos painéis tivemos o grato prazer de ouvir, na primeira pessoa, Luís Godinho (árbitro internacional), Rui Vitória (selecionador nacional do Egito) e Taranti (ex-jogador profissional) a falarem abertamente sobre futebol. Um dos assuntos que mais debateram foi o do baixo tempo útil de jogo na nossa liga e a forma como poderiam contribuir para encurtar distâncias relativamente a campeonatos mais atrativos.
Como dei devida nota, há não muito tempo a FPF organizou, com a excelência habitual, o evento "Football Talks", onde num dos painéis tivemos o grato prazer de ouvir, na primeira pessoa, Luís Godinho (árbitro internacional), Rui Vitória (selecionador nacional do Egito) e Taranti (ex-jogador profissional) a falarem abertamente sobre futebol. Um dos assuntos que mais debateram foi o do baixo tempo útil de jogo na nossa liga e a forma como poderiam contribuir para encurtar distâncias relativamente a campeonatos mais atrativos.
Foi precisamente esse o tema central do 3.° Fórum dos Treinadores organizado na quinta-feira pela Liga Portugal e que juntou (em reunião online) técnicos de vinte e nove sociedades desportivas do futebol profissional português.
Tal como acontecera no evento organizado na Cidade do Futebol, também este revelou-se muito interessante, porque permitiu ouvir dicas, críticas e sugestões válidas sobre o que pode ser feito para tornar o espectáculo mais apelativo.
Apesar da ausência do Conselho de Arbitragem da FPF (foi convidado mas não compareceu na reunião), foi bom perceber que os treinadores presentes identificaram-se com a necessidade de contribuir para um jogo mais fluído, não deixando no entanto de reconhecer várias dificuldades estruturais e conjunturais nesse sentido: das enormes diferenças orçamentais entre uns e outros (que ditam muitas vezes o recurso a expedientes na busca do ponto que possa garantir tranquilidade nas contas) à enorme instabilidade no cargo (os treinadores estão a prazo, porque dependem sempre de resultados), que quase os obriga a práticas menos éticas, que dispensariam se sentissem outra segurança nas funções.
Do resto, o que já sabemos e que se confirma como óbvio: os árbitros podem e devem interferir menos, os jogadores podem e devem incorrer em menos práticas antidesportivas (simulação de faltas e de lesões, por exemplo) e as leis de jogo podem e devem caminhar no sentido de serem mais eficazes na forma como atacam o fenómeno.
Certo, certo (e esta é a notícia que vale a pena sublinhar) é que os primeiros dados da época parecem mostrar que todos estas conversas, todos estes períodos de reflexão, estão a produzir efeitos:
- Nas primeira jornadas de 2022/23, a média de faltas por jogo diminuiu para 27 (nas últimas épocas situou-se entre as 30/31) e a bola tem rolado agora mais três minutos por jogo do que em anos anteriores. Vale o que vale, pode melhorar (ou piorar), mas enquanto "sinal" não deixa de ser positivo e inspirador.
Este é o caminho certo.
Este é o caminho certo.
Um caminho que não pode ser percorrido por um, mas que tem que resultar do esforço conjunto de todos.
Os árbitros e os seus representantes não podem nunca deixar de participar em eventos formais onde se discute, em sede própria e com quem de direito, formas de tornar o jogo mais espetacular. A sua ausência passa para o exterior uma imagem de indiferença ou desinteresse, o que em nada contribui para tornar a classe mais inclusiva.
Os árbitros e os seus representantes não podem nunca deixar de participar em eventos formais onde se discute, em sede própria e com quem de direito, formas de tornar o jogo mais espetacular. A sua ausência passa para o exterior uma imagem de indiferença ou desinteresse, o que em nada contribui para tornar a classe mais inclusiva.
As eventuais guerras surdas, que todos sabem existir a outros níveis, não pode prejudicar questão desta grandeza. É mais importante priorizar do que particularizar e aquilo que é o melhor para o futebol tem que estar à frente daquilo que é o melhor para cada um.
Não esqueçamos: as instituições ficam, as pessoas não.
Para refletir.