Tendo eu nascido nos anos 70 e feito parte fundamental do meu processo formativo no velho terceiro anel, nunca apagarei da memória as arrancadas únicas do Chalana, a fletir da esquerda para o centro. Fui, além disso, um dos muitos portugueses que ficou indelevelmente marcado pelo Euro 84, uma epopeia que teve Chalana como protagonista central e que terminaria numa derrota épica com a França. Essa geração de ouro do futebol português veria em seguida as suas ambições frustradas, no Mundial do México, por um dirigismo anacrónico e autoritário. Demoraríamos décadas a voltar a ter um conjunto de talentos comparável ao dos anos 80.
Um tempo que não volta (por Pedro Adão e Silva)
Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura e benfiquista, escreve sobre Fernando Chalana e uma era futebolística que o antigo jogador simbolizava
12.08.2022 às 12h23

Manuel Moura/LUSA
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