O Sporting continua a definhar, a piorar a sua imagem pública e a afastar-se da sua matriz fundadora. Até quando?
A opinião de Pedro Madeira Rodrigues, ex-candidato à presidência do Sporting, sobre o momento atual do clube, nomeadamente o lay-off dos trabalhadores e a falta de pagamento no negócio Rúben Amorim
17.04.2020 às 18h00
ANDRE KOSTERS
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Apesar de haver muito com que me deva preocupar nesta altura, não consigo deixar de estar cada mais alarmado com o futuro do meu Sporting. Este grande clube que tem as finanças num estado muito frágil (facto negado pelos dois candidatos mais votados nas últimas eleições), uma equipa de futebol cada vez menos competitiva, dependente do aparecimento duma formação que foi arrasada nos últimos anos (perante a complacência de uma imensa maioria) e uma forte divisão interna (os saudosistas de Bruno de Carvalho são apenas uma minoria ruidosa), vive tempos decisivos.
É cada vez mais evidente que, como na altura própria vários, como eu, alertaram, Varandas (tal como Benedito) não estava preparado para a dificuldade do cargo, muito menos numa situação como a que estamos a viver e, tal como o seu antecessor, tem-se preocupado em demasia com a sua imagem pessoal.
Numa fase em que era fundamental passar confiança neste tempo crítico aos nossos associados, equipas, colaboradores e parceiros que, tal como muitos portugueses, temem pelo futuro, o Sporting vai fazendo o contrário. Com a questão do “lay-off” generalizado que até pode ter alguma justificação em termos de gestão, embora estranhe sermos quase os únicos e, em particular com o atraso no pagamento de Rúben Amorim, damos uma imagem de clube desesperado e pouco sério.
ANDRÉ KOSTERS/Lusa
Espero que as últimas declarações públicas de Salgado Zenha a olhar para o infinito com desculpas esfarrapadas para não pagar a 1ª tranche ao Sporting de Braga não tenham sido vistas nomeadamente em Manchester (se eles adiarem o pagamento das restantes parcelas de Bruno Fernandes podemos entrar rapidamente em insolvência), na NOS, por Rafael Leão, etc.
Mais do que nunca precisamos de competência, maturidade e seriedade. Infelizmente os atuais dirigentes mantêm muitos dos tiques que tanto critiquei no anterior Presidente, nomeadamente a arrogância de não saber aceitar críticas, a tendência para a vitimização, as “fugas em frente”, o "xico-espertismo" e o amadorismo.
Com isto o Sporting continua a definhar, a piorar a sua imagem pública e a afastar-se da sua matriz fundadora. Até quando?
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