O pior de tudo, é a incapacidade. Imagino eu, que nunca pisei o verde de um campo de futebol, pelo menos com o intuito de nele jogar. Porque é que o que resultava, de repente parece não resultar mais? Como é que aquela bola que sempre funcionava agora prende-se no marasmo das rotinas? O futebol tem piada por causa disso, porque não depende de uma só equipa e, a menos que falemos de um génio, de um só jogador. Às vezes a culpa será só nossa, mas do outro lado há quem esteja permanentemente à coca, quem nos esteja a estudar, a procurar os nossos pontos fracos.

E, neste momento, parece estar tudo isto a acontecer ao Benfica.

Haverá variáveis que se podem explicar, outras quase do campo do esotérico. Como é que há duas semanas estávamos a falar de possíveis 13 pontos de vantagem e de Marquês cheio e agora a diferença escanzelou-se de tal forma que a maré parece irremediavelmente virada? Fala-se de férias de jogadores, da pouca confiança que Roger Schmidt terá fora daqueles 14 ou 15 elementos que sempre coloca a jogar, da apatia do treinador vendo-se por baixo, de gente desaparecida em combate, de uma quebra física avassaladora. Mas não nos podemos esquecer das equipas que terão percebido o antídoto para um futebol outrora dinâmico e arrebatador, diz-se que os treinadores portugueses têm bom olho para isso e aqui estamos, com um campeonato relançado quando muita gente já fazia as contas a quantas mais jornadas seriam precisas para o Benfica confirmar o título - o Sporting, recordemo-nos, já passa por isto há algum tempo, não lhe aconteceu tão cedo, mas encontrar uma solução constante não está fácil.

Mas voltemos à incapacidade. Porque o início dos problemas do Benfica, pelo menos aqueles que se nos entraram olhos adentro, não começaram na derrota com o FC Porto, ou melhor, na frieza dos números que nos oferece esse resultado da Luz. O Benfica poderia ter perdido esse jogo jogando bem, mas perdeu esse jogo prostrado na inabilidade de dar a volta à estratégia de Sérgio Conceição, manietado, de mãos atadas. Na Champions, com o Inter, um festival de muita bola e pouca uva e desmoronar anímico quando o adversário se viu em vantagem. E em Chaves, o futebol sedutor de antes pareceu apenas a décima tentativa falhada daquela frase de engate antes infalível.

E é por isso que estes agora quatro pontos de vantagem para o FC Porto soam a canto do cisne. Poderão até ser suficientes, mas saiu da caixa o medo cénico do colapso depois de nove meses de idílio. Schmidt falou de aprender com as derrotas, mas como aprender nesta fase de um contexto que era quase desconhecido para este Benfica? Por muito que procuremos explicações, teorias hiper-mega-científicas, há sempre o mantra pouco sofisticado em termos de rigor, mas que é aquele que, na verdade, continua a agarrar-nos inexoravelmente e este e a outros desportos: enquanto não for impossível, não é mesmo impossível, logo, olho aberto.

Vai ser engraçado este final de campeonato - e às vezes até nos esquecemos que o SC Braga está a dois pontos do FC Porto.

O que se passou

Um resumo do que aconteceu esta semana em notícias, entrevistas, análises e recensões históricas:

Zona mista

É destruidor, mas eu prefiro ser destruído pela ansiedade na minha atividade do que ser destruído por querer fazer coisas que não consigo fazer e não tenho hipótese de fazer

Luís Castro, um dos sete treinadores portugueses que este fim de semana lideraram equipas na 1.ª jornada do Brasileirão, em entrevista aqui mesmo à Tribuna Expresso. O técnico referia-se aos desafios gerais disto de ser treinador, mas talvez esta frase implacável caia que nem uma luva no contexto Brasil, extremo, triturador, gerador das maiores euforias ou das pressões mais avassaladoras, algo que Renato Paiva, outro dos portugueses no outro lado do Atlântico, também nos explicou

O que aí vem

Segunda-feira, 17
⚽ I Liga: Vizela - Boavista (20h15, Sport TV1)
⚽ Premier League: Leeds - Liverpool (20h, Eleven 1)
🎾 ATP 500 de Barcelona (14h, Sport TV2), ATP 250 Munique (13h30, Sport TV5) e Challenger de Oeiras (13h30, Sport TV6)

Terça-feira, 18
⚽ As decisões dos quartos de final da Liga dos Campeões: Chelsea - Real Madrid (20h, Eleven 1) e Napoli - Milan (20h, Eleven 2)
⚽ Jogo grande na liga saudita: o Al Hilal recebe o Al Nassr de Cristiano Ronaldo (20h, Sport TV1)
🤾 Liga Europeia de andebol: Montpellier - Sporting (19h45, Sporting TV)

Quarta-feira, 19
⚽ O Benfica joga com o Inter em Milão com uma desvantagem de dois golos nos ‘quartos’ da Liga dos Campeões (20h, TVI e Eleven 1). Acompanhe também o Bayern Munique - Man. City (20h, Eleven 2)

Quinta-feira, 20
⚽ Nos quartos de final da Liga Europa, o Sporting tentará em casa dar a volta ao golo de vantagem que a Juventus traz de Turim (20h, SIC/Sport TV1). Veja também o Sevilla - Man. United (20h, Sport TV2) e o Roma - Feyenoord (20h, Sport TV3)

Sexta-feira, 21
⚽ I Liga, 29.ª jornada: Casa Pia - SC Braga (20h15, Sport TV1)
⚽ Premier League: Arsenal - Southampton (20h, Eleven 1)
⚽ Youth League, meias-finais: Sporting - AZ Alkmaar (12h, 11)

Sábado, 22
⚽ I Liga: Famalicão - Marítimo (15h30, Sport TV2), Boavista - Rio Ave (18h, Sport TV2) e Paços de Ferreira - FC Porto (20h30, Sport TV1)
⚽ Taça de Inglaterra, meias-finais: Man. City - Sheffield United (16h45, Sport TV1)
🏀 NBA, playoffs: Brooklyn Nets - Philadelphia 76ers (18h, Sport TV6) e LA Clippers - Phoenix Suns (20h30, Sport TV6)

Domingo, 23
⚽ I Liga: Santa Clara - Chaves (18h, Sport TV1), Benfica - Estoril (18h, BTV) e Arouca - Vizela (20h30, Sport TV1)
⚽ Taça de Inglaterra, meias-finais: Brighton - Man. United (16h45, Sport TV2)
⚽ La Liga: Barcelona - Atl. Madrid (15h15, Eleven 2)
⚽ Serie A: Juventus - Napoli (19h45, Sport TV2)
🎾 ATP 500 de Barcelona, final (15h, Sport TV5)
🏀 NBA, playoffs: New York Knicks - Cleveland Cavaliers (18h, Sport TV6) e Golden State Warriors - Sacramento Kings (20h30, Sport TV6)

Hoje deu-nos para isto

O resultado era 2-1 para o Arsenal e Bukayo Saka, na marca dos 11 metros, tinha a oportunidade de praticamente fechar o jogo frente ao West Ham com um pontapé de penálti pouco depois dos 50 minutos. Mas o extremo, que tem sido uma das peças essenciais dos gunners nesta época de regresso à luta pelo título, falhou o remate. Praticamente no minuto seguinte, o West Ham empatou e assim ficaria o resultado até ao fim. O Arsenal, com mais um empate, fica com o Manchester City perigosamente perto na luta pelo 1.º lugar da Premier League.

Às redes sociais do jogador não demoraram a chegar hediondas mensagens de abuso, de racismo. Os fantasmas da final do Europeu de 2020, jogado em 2021, quando Saka, Jadon Sancho e Marcus Rashford falharam no desempate por penáltis frente à Itália e foram violentamente atacados nas redes sociais, não são fantasmas, continuam a ser bem reais, gente de carne e osso que acha por bem ir buscar o que há de mais pérfido e fétido às suas entranhas para despejar ódio racial por causa de um jogo de futebol.

Felizmente, muitas outras mensagens de apoio a Saka surgiram, outras de repúdio aos que usavam da mais baixa argumentação para ofender o jovem inglês. Mas saímos deste fim de semana com a desanimadora sensação de que não aprendemos quase nada.

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