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Mundial 2022

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A promessa de África

O futebol africano já não é apenas o número que, aos olhos dos europeus, trazia exotismo e magia desorganizada. E, finalmente, também parece ter-se livrado da síndrome do salvador branco, do treinador-missionário que saía da Europa para catequizar os talentos selvagens, escreve Bruno Vieira Amaral. As seleções africanas já não precisam de condescendência e orientação e quando triunfarem será pelos próprios meios

Bruno Vieira Amaral

Ryan Pierse/Getty

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Tenho a tendência para dizer que a minha primeira recordação de uma equipa africana num Mundial é a dos Camarões naquele jogo inaugural contra a Argentina em 1990, com o frango de Pumpido e algumas entradas de kung-fu dos jogadores camaroneses. E essa talvez seja a mais marcante, misturada depois com a do jogo dos oitavos de final em que Higuita se armou em “dez” e foi derrubado pela ratice de Roger Milla e o mítico confronto com Inglaterra na fase seguinte, um dos jogos que simbolizam o espírito dos Mundiais como poucos.

Porém, a recordação mais antiga que tenho de uma equipa africana no Mundial são duas: um Espanha-Argélia que deu em diferido numa quinta-feira na RTP2 (afinal, foi na RTP1, mas a minha memória insiste em dizer-me que foi na RTP2) e, claro, o Portugal-Marrocos que até decorreu no dia anterior.

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    O selecionador argentino, Lionel Scaloni, veio relativizar as coisas com um discurso sobre o qual Bruno Vieira Amaral reflete: “é preciso um pouco mais de sensatez. É um jogo de futebol. A sensação de que está em causa algo mais do que um jogo de futebol não a partilho. Porque cada vez que tens de disputar uma qualificação, um jogo, é uma sensação de alívio. É difícil fazer com que as pessoas percebam que amanhã é outro dia.”

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