No outro dia ouvi um comentador dizer como os Mundiais eram enganadores. Alguns jogadores brilhavam nos Mundiais e a sua cotação disparava. Depois, ia-se a ver no dia a dia e o grande craque da quinzena ou do mês revelava-se um insuportável mandrião, um brinca na areia, um flop. E o comentador lá recordou, com razoável previsibilidade, Manuel Negrete, autor de um dos golos do século no México em 1986 e que com esse bilhete voou para o Sporting, onde não fez nada a não ser provocar saudades do mexicano voador que tinha sido por instantes num Mundial.
“O que é que é isso, Richarlison?”
Um Mundial engana e quem anda à procura de jogadores para um clube devia fazer uma pausa no Mundial, relaxar e aproveitar para se deslumbrar com o talento, mesmo que episódico, que vai despontando nos estádios do Catar. E Bruno Vieira Amaral está convicto de que o torneio foi inventado para golos como o de Richarlison pelo Brasil, instantes que tomam de assalto a nossa imaginação e nunca mais desaparecem
26.11.2022 às 10h53

Markus Gilliar - GES Sportfoto
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