Eu gostava quando os Estados Unidos se apresentavam nos Mundiais com a candura de um rancho folclórico que acabou de atravessar os limites do concelho de Moimenta da Beira pela primeira vez, praticavam um futebol dito atlético, onde sobressaíam um domínio rudimentar da bola, uma capacidade de corrida coreana e o investimento exclusivo no contra-ataque (na altura ainda não era “transição”, era mesmo contra-ataque) como meio de alcançar os fins.
Um dos melhores exemplos deste futebol anaeróbico teve como vítima a geração de ouro do futebol português numa das suas últimas danças, no Mundial da Coreia e do Japão. Ainda fatigados pela humidade macaense, os jogadores portugueses apanharam os industriosos norte-americanos no primeiro jogo e pareciam espantados e ofendidos com a energia dos adversários pouco dados à espécie de futebol contemplativo que mais agradaria a veteranos como Figo, Rui Costa ou Fernando Couto.