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Mundial 2022

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Cego desde bebé, o jovem Sebastian Filoramo não quis ficar de fora da febre dos cromos. E adaptou o seu álbum do Mundial 2022 para invisuais

Tem 12 anos e, como qualquer criança, gosta dos álbuns de cromos do Mundial e tem direito a usufruir dele. Uma vez que os próprios álbuns não estão preparados para pessoas invisuais, o jovem venezuelano Sebastian Filoramo, com a ajuda do pai e da professora, garantiu que não vai ficar de fora da febre dos cromos

Rita Meireles

STRINGER/Reuters

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“Influência + Inclusão = Educação”. É esta a mensagem que Sebastian Filoramo, de 12 anos, passa aos mais de 270 mil seguidores que tem no Instagram. A mesma conta que utilizou para divulgar a forma como superou as dificuldades e encontrou uma maneira de acompanhar a febre dos cromos do Mundial: invisual, o jovem venezuelano adaptou o álbum a braille.

"A febre do Campeonato do Mundo não é apenas sentida e experimentada por aqueles que assistem. Todos temos o direito de colecionar os nossos ídolos do futebol", disse o jovem venezuelano na publicação onde apresentou o processo de adaptação do seu álbum.

Instagram

Para que o projeto fosse possível, Sebastian contou com a ajuda do seu pai e da sua professora. O processo passou por escrever os nomes dos países e números de cada cromo na sua máquina em braille e depois colar tudo isso no local adequado do álbum. "O meu pai é um génio, ele pensa em tudo", disse o jovem, que perdeu a visão quando era bebé, à Reuters. "Ele disse-me: 'Queres encher o álbum? Então vamos lá adaptá-lo'”.

Durante a entrevista à Reuters, Sebastian colou o cromo de Diogo Costa, guarda-redes da seleção nacional. O jovem vestia uma camisola da Argentina e confessou que o momento mais emocionante desde que começou a coleção foi quando finalmente encontrou Lionel Messi dentro de um dos pacotes. Para completar o álbum do Mundial do Catar, que começa a 20 de novembro, são necessários cerca de 600 autocolantes.

Sebastian a colar o cromo de Diogo Costa

Sebastian a colar o cromo de Diogo Costa

STRINGER/Reuters

"Ele tem sempre ideias brilhantes", disse Yohelis Nelo, a professora do jovem que o ajudou neste projeto. "Eu concordei em ajudá-lo, mas disse-lhe que primeiro tínhamos de terminar os trabalhos de casa".

A publicação, que conta com mais de 100 mil gostos, é uma forma de avançar no caminho para a “verdadeira inclusão”. E Sebastian deixa a mensagem: “Ao falar de inclusão, todos os aspetos da vida quotidiana de todas as pessoas com deficiência devem ser tidos em conta, a fim de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida”.