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Longe da frente, Miguel Oliveira só foi o 15.º mais rápido na qualifcação do MotoGP em Portimão

Longe da frente, Miguel Oliveira só foi o 15.º mais rápido na qualifcação do MotoGP em Portimão
PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

O piloto português vai partir, no domingo, da mesma posição da grelha em que terminou a primeira corrida da época do MotoGP

A Aprilia azulada entra vagarosa na reta das boxes, o motor a roncar suavemente, desacelerando por ali fora. Ao parar e encostar diante da respetiva garagem, Miguel Oliveira alça a perna, desmonta da moto e olha para a enorme bancada do Autódromo Internacional do Algarve que se ergue na outra margem que ladeia a pista. Num gesto automático, levanta um braço e acena ao público vocalmente reativo ao sinal de que o piloto está sensível a quem torce por ele. Ouve-se uma manifestação de apoio, gritos misturados com silvos, são todos decibéis dedicados ao piloto português no circuito plantado ao largo de Portimão.

Miguel Oliveira não se detém nesse bruá. Rapidamente caminha para o interior da box da Trackhouse Racing, a equipa satélite da Aprilia, dirigindo-se logo a uma cadeira que o espera a um canto do espaço. Ainda se apronta para nela descansar por momentos quanto é logo rodeado por engenheiros da Aprilia, por sua vezes seguidos de perto pelo pai, Paulo Oliveira, a sombra omnipresente na carreira do filho no MotoGP. É sábado, a manhã vai a meio, mas o entusiasmo vindo da bancada não encontra correspondência no alcatrão rodeado por tons sépia das poeiras trazidas pelos ventos de África.

O piloto português, de 29 anos e carregado de ambição - “venho preparado para vencer”, dissera, na véspera -, encostava às boxes com o 15.º melhor tempo da primeira ronda de qualificação, incapaz de sobreviver até à Q2 onde se determina realmente quem parte da frente da grelha no domingo, dia da corrida do Grande Prémio de Portugal. A melhor volta à pista de Miguel Oliveira tardou um minuto, trinta e oito segundos e trezentos e oitenta e cinco centésimos, que ficou a 0,320 de segundo dos lugares de acesso à segunda ronda de qualificação. As margens no MotoGP são ínfimas, o que diferencia quem anda pelo alcatrão a acelerar é marginal.

O cidadão de Almada vai arrancar do 15.º lugar da grelha, da mesma posição na qual terminou a primeira corrida da temporada, no Catar, lá para trás no ordenamento das motos que já o teve a dar o pó que toda a gente comeu. Em 2020, quando a pandemia despiu o autódromo de gente, Miguel Oliveira ganhou em Portimão com um povo a vibrar à distância. “É o que tenho para dar, não tenho mais”, disse o piloto na sexta-feira, entre considerações sobre a moto, a aderência à pista, os setores onde se sentia mais rápido e as curvas que o tramaram.

Será difícil, improvável até, que Miguel Oliveira motive farra e festa no quinto ano consecutivo de visita do MotoGP ao Algarve, tão longe que está de ter um motor e duas rodas em condições para ele lograr ter a volta mais rápida e ser o primeiro a ver a bandeira em xadrez, como o fez na época da vitória em Portimão. O ‘Falcão’ português, como a alcunha o guarda, não parece ter condições para mais um brilharete, mas lá por algo não ser provável não quer dizer que seja impossível.

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