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Luca Brecel passou semanas a sair à noite, a beber com amigos e a jogar dardos. E depois virou para sempre a história do Mundial de snooker

O belga tornou-se aos 28 anos no primeiro jogador da Europa continental a sagrar-se campeão mundial de snooker, colocando o pé em cima da ideia de que o snooker é um feudo exclusivamente britânico. Para a modalidade, pode mudar tudo. Nuno Miguel Santos, comentador na Eurosport e antigo jogador, ajuda-nos a entender quem é Luca Brecel, um talento geracional, que joga sempre ao ataque, sem medos ou estigmas, elogiado por Ronnie O'Sullivan. E como é o panorama em Portugal, onde o número reduzido de mesas e a complexidade do jogo dificulta o crescimento, apesar da popularidade

Lídia Paralta Gomes

Zac Goodwin - PA Images

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Quem dá um olho à página de Instagram de Luca Brecel vê ali, nas parcas publicações, um trivial jovem de 28 anos. Brecel de férias com amigos no Algarve, os braços tatuados, um desenho gigante e hiper-realista do rapper The Game num deles, t-shirt de Snoop Dogg vestida e omnipresente boné dos New York Yankees numa cabeça que precocemente se viu despojada de seu cabelo.

Fica difícil imaginá-lo a ganhar a vida de fato preto, camisa abotoada até à derradeira casa, sapato clássico e colete, não numa qualquer repartição de finanças mas sim de taco na mão, na verde imensidão de uma mesa de snooker. Na última segunda-feira, este rapaz nascido em Dilsen-Stokkem, cidade belga que já beija a fronteira com os Países Baixos, tornou-se no primeiro jogador da Europa continental a sagrar-se campeão mundial de snooker, depois de quase 100 anos de vitórias britânicas, pintalgadas por ocasionais triunfos de outros falantes de inglês: dois australianos, um irlandês e um canadiano. O preto, amarelo torrado e vermelho da Bélgica aparece agora ali na lista, quase inusitadamente, no fim de um mar de bandeiras que, todas juntas, fazem uma grande Union Jack.

E isso, seja em que modalidade for, muda tudo. O snooker deixa de ser um feudo commonwealthiano, passa a ser uma possibilidade para o mundo. Às mãos de um tipo que começou a jogar aos 9 anos e aos 14 já era campeão da Europa de sub-19, que ganhou fama com vídeos dos seus treinos no YouTube e que foi o mais jovem de sempre a participar num Campeonato do Mundo, com 17 anos, mas que demorou a fazer render um talento fora do corriqueiro, ressalvado por todos os grandes mestres, a começar por the one and only Ronnie O’Sullivan, The Rocket, sete vezes campeão mundial e o nome mais mediático do snooker.

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