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Ser mulher no desporto em Portugal implica desigualdade, mas já há “sugestões” para a combater. Venha agora a vontade política

Ser mulher no desporto em Portugal implica desigualdade, mas já há “sugestões” para a combater. Venha agora a vontade política
Alexander Hassenstein/Getty
Um grupo de trabalho criado pelo Governo redigiu um relatório com propostas para “acelerar o ritmo da mudança”, sob pena de continuarmos a “marcar passo face ao que é feito na Europa e no mundo”, alerta à Tribuna Expresso a coordenadora do projeto num país onde as mulheres estão sub-representadas na prática e liderança desportivas. Sublinhando que “a ideia não é impor nada”, mas “recomendar”, um relatório sugere medidas como cursos gratuitos para treinadoras ou percentagens mínimas de mulheres nas direções de federações desportivas
Ser mulher no desporto em Portugal implica desigualdade, mas já há “sugestões” para a combater. Venha agora a vontade política

Pedro Barata

Jornalista

A cruel realidade dos números não mente: em Portugal, a prática desportiva federada, os cargos de direção e liderança ou a responsabilidade de treinar equipas são amplamente dominados por homens, estando as mulheres sub-representadas em diversos níveis de análise. É desta conclusão inicial, traçada, por exemplo, em estudos da União Europeia e do Conselho da Europa, que parte o relatório para a igualdade de género no desporto feito por um grupo de trabalho criado pelo Governo — para redigir propostas que ajudem a melhorar esta situação até 2029.

O cenário de desigualdade é descrito no documento com base em estatísticas oficiais: na prática desportiva federada, as mulheres correspondem a somente um terço dos praticantes filiados nas federações com modalidades olímpicas; e 37% das raparigas e mulheres entre os 15 e os 24 anos “nunca” ou “raramente” fazem exercício físico, subindo drasticamente essa percentagem para 79% entre os 25 e os 39 anos, indicando a acrescida dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional com o desporto.

Das 10 federações desportivas com maior financiamento público e nas 10 com maior número de praticantes, nenhuma tem uma presidente mulher. As treinadoras com título profissional válido são apenas 15% do total, baixando ainda mais o valor quanto mais elevada for a qualificação: do total de técnicos em Portugal com o grau IV de treinador, apenas 2,2% são mulheres.

Leila Marques Mota, vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal, foi a coordenadora do grupo de trabalho. À Tribuna Expresso, sublinha que “ainda há um longo caminho a fazer” no campo da igualdade de género no desporto, havendo um “fosso muito grande entre homens e mulheres”, sendo preciso “acelerar o ritmo” de mudança, sob pena de continuarmos a “marcar passo face ao que é feito na Europa e no mundo”.

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