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Natação artística: a utopia já pode ser um sonho

A natação artística contará pela primeira vez, em 2024, com atletas masculinos. Em Portugal ainda é um processo embrionário

Hugo Tavares da Silva

Nikola Krstic/MB Media

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A natação artística até entrou na vida de Rodrigo Carvalho como moeda de troca. O acordo com a mãe remonta a 2020 e previa a inscrição naquela modalidade para poder clicar nos comandos da consola durante as férias. Agora, aos 13 anos, aqueles movimentos artísticos e dissimuladamente embrutecidos encantam-no. Este rapaz, do Clube Fluvial Portuense, nem sempre teve a vida fácil. Naquela maldade tão típica da inconsciente infância, chamavam-lhe “princesinha da artística”. Colegas, treinadores e os pais ajudaram-no a superar esse momento. “Agora veem-se mais rapazes”, garante.

O sonho de Rodrigo Carvalho, que treina cinco vezes por semana, é participar nos Jogos Olímpicos de 2028. O sonho que já não é utopia só é possível desde que, na semana passada, o Comité Olímpico Internacio­nal (COI) anunciou a presença de até dois atletas masculinos nos esquemas de equipa a partir dos Jogos de Paris. “Isso aumenta a minha motivação nos treinos”, diz, revelando mais dois desejos: “estar nos Europeus de 2024” e “continuar a emocionar quem pensa que já viu tudo na natação artística”. Este desabafo até resgatou um “ai que bonito” à treinadora, Sílvia Pinto, que descreve esta como “uma modalidade bebé”, ainda com pouco investimento. “Esquecemo-nos muito da base. Ninguém vai querer olhar para uma modalidade enquanto ela continuar com poucas filiações, com poucos meninos a praticá-la. Há que fazer crescer essa base através das associações. A formação é a base de tudo.”