Há uns tempos, mais do que sugere a realidade do calendário, qual mapa do tempo, Mafalda Martinho começou a experimentar kickboxing. Foi antes da pandemia de covid-19 estalar. Já andara a deslizar nas ondas, deitada numa prancha de bodyboard. A primeira competição nesta modalidade, que desata combinações infinitas de socos e pontapés, aconteceu uma semana antes do primeiro confinamento. Parece outra vida. Mas a vida desta mulher, natural da Ericeira, não foi mais a mesma.
“É o melhor desporto do mundo, disso não tenho dúvidas”, diz a certa altura, durante o telefonema com a Tribuna Expresso. O entusiasmo é tanto que só não emociona porque diverte. Mas há um “pelo menos por agora” que a define, é seguramente uma alma desassossegada. “Há coisas que gosto e valorizo no kickboxing. A primeira é a nível físico, deixa-nos preparados. O bodyboard não exigia de mim o maior treino físico, não é comparável a competição que há em ambas as modalidades”, reflete. Não se fica por aí, menciona o lado mental também. “Tenho vindo a aprender o desafio psicológico de querer ganhar um combate.” Destaca a parte em que já não tem forças, “a dar as últimas”, e é aí que terá de tentar ganhar. “Exige muito da nossa resistência, mas é nessa altura que mandamos mensagens positivas para o cérebro.”