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Continua a polémica no xadrez: Hans Niemann, acusado de batota, mete Magnus Carlsen (e outros) em tribunal e pede 400 milhões de dólares

O jovem norte-americano pede mais de 400 milhões de dólares de indemnização. O campeão Magnus Carlsen acusou o jogador de 19 anos de fazer batota, mas não apresentou provas. Entre os acusados estão também a plataforma online Chess.com e outro Grande Mestre, Hikaru Nakamura

Expresso

MICHAEL THOMAS

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Hans Niemann, o jovem jogador de xadrez, de apenas 19 anos, não perdoa as alegações do campeão Magnus Carlsen, que o acusou de fazer batota. Como o norueguês acabou por se ficar pelas palavras, não apresentando qualquer prova contra Niemann, o norte-americano avançou agora com um processo por difamação contra Carlsen, mas envolvendo também a plataforma Chess.com e o xadrezista norte-americano nascido no Japão Hikaru Nakamura.

A situação teve início no dia 4 de setembro. Numa partida a contar para a Taça Sinquefield, o grande mestre Magnus Carlsen perdeu com Niemann e, em reação, acusou o jovem de fazer batota. Agora, num tribunal do estado do Missouri, nos Estados Unidos, Hans apresentou queixa e exige receber mais de 400 milhões de dólares por difamação.

Ao mesmo tempo, segundo o jornal espanhol “El Pais”, Niemann acusa as empresas Play Magnus, do xadrezista nórdico, mas também o clube de xadrez virtual Chess.com, cujo diretor é Daniel Rensh, também acusado individualmente, e que, diz o diário, quer comprar a Play Magnus por mais de 80 milhões de euros. Por fim, Hikaru Nakamura, também ele um Grande Mestre da modalidade e streamer, surge na lista dos acusados.

No documento da acusação, pode ler-se: “Niemann é um prodígio autodidata do xadrez. (…) Exerce esta ação para ser ressarcido dos devastadores danos que os acusados lhe infligiram na reputação, na carreira e na vida, difamando-o de forma flagrante e conspirando ilegalmente para incluí-lo na lista negra da profissão a que tem dedicado a sua vida”.

Noutro ponto do documento é referido que os acusados estão a tentar “consumar uma fusão com a intenção de monopolizar a indústria do xadrez” e que “conspiraram para manipular e disseminar um conjunto de acusações difamatórias contra Niemann, para colocá-lo à margem do xadrez profissional”.

“Isto não é um jogo”, pode ler-se.

Nakamura parece cair de para-quedas no processo, mas os advogados do norte-americano explicam que o norte-americano é o “streamer mais influente” da modalidade, com grande atividade na internet. O nipónico é acusado de atuar em conjunto com Carlsen e a Chess.com, tendo publicado horas de vídeos que reforçavam “as acusações falsas (…) contra Niemann em numerosas declarações difamatórias”.

Os denunciantes terão consultado Ken Regan, considerado o maior perito do mundo em detetar batotas no xadrez. Regan concluiu que Niemann não fez nada de ilícito no xadrez presencial durante os últimos dois anos. Lembre-se que o próprio admitiu ter recorrido a métodos menos próprios na adolescência. Os advogados do norte-americano sustentam ainda que Carlsen “usou a sua grande influência social” para desacreditar o seu cliente.

Sobre os tempos em que fez batota, Niemann disse ter sido “o maior erro” da sua vida. “Aprendi a lição”, garante, explicando: “Nunca mais fiz batota e nunca o fiz em partidas presenciais”. No entanto, a Chess.com terá publicado um relatório de mais de 80 páginas, em que refere que os casos de atuação ilícita da parte de Hans Niemann foram mais de 100.