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Ex-treinador da seleção brasileira de ginástica artística condenado a 109 anos de prisão por abusos sexuais

Os episódios tiveram lugar no Clube Mesc de São Bernardo do Campo, nos arredores de São Paulo. Embora apenas quatro pessoas estejam citadas na ação judicial como vítimas, uma investigação do programa “Fantástico”, da Globo, mostrou que 42 ginastas revelaram terem sofrido abusos por parte de Fernando de Carvalho Lopes, entre 1999 e 2016

Expresso

Matthias Hangst

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Fernando de Carvalho Lopes, ex-treinador da seleção brasileira de ginástica artística, foi condenado a 109 anos e oito meses de prisão por ter violado e abusado de quatro atletas, todas elas com menos de 14 anos na altura dos alegados crimes.

O técnico, que sempre se declarou inocente, foi acusado pelo Ministério Público de São Bernardo pelo crime de “estupro de vulnerável".

Os episódios tiveram lugar no Clube Mesc de São Bernardo do Campo, nos arredores de São Paulo. Embora apenas quatro pessoas estejam citadas na ação judicial como vítimas, uma investigação do programa “Fantástico”, da Globo, mostrou que 42 ginastas revelaram terem sofrido abusos por parte de Lopes, entre 1999 e 2016.

O juiz do processo indicou que o treinador de ginástica aproveitou-se da sua autoridade para cometer os abusos e violações “durante um longo período de tempo”, escreve o “El País”. O escândalo de abusos na ginástica norte-americana serviu de mote para a ginasta Petrix Barbosa falar com a Globo, por exemplo, uma conversa na qual contou como o treinador tomava banho com atletas, dormia na mesma cama e lhes tocava de forma indevida. Petrix revelou ter 10 anos quando foi abusada, escreve a “Folha de São Paulo".

De acordo com o “Globo Esporte”, Lopes pode apresentar recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo. Depois, o ex-treinador terá hipótese ainda de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e também, num recurso extraordinário, ao Supremo Tribunal Federal. O ex-técnico poderá aguardar os recursos em liberdade, num processo que decorre em segredo de justiça para proteção das vítimas.

“A Confederação Brasileira de Ginástica reafirma o seu compromisso de tolerância zero com atos de assédios e abusos no desporto, que consideramos sempre repugnantes”, pode ler-se numa nota daquela entidade.

E acrescentou: “Acreditamos no Poder Judiciário e nos órgãos da justiça desportiva para dar as respostas e punições adequadas a tais práticas criminosas, assim como fez o Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Ginástica aplicando a pena de banimento ao referido treinador em março de 2019”.