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A investigação vai continuar, mas por agora a canábis não sai da lista de substâncias proibidas no desporto

Muitos defendem a sua legalização no mundo do desporto, mas a Agência Mundial Antidoping ainda não está convencida. A canábis não deixou de ser proibida e os testes positivos continuarão a levar a uma suspensão. Ainda assim, a investigação não vai parar e o panorama pode mudar

Rita Meireles

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No ano passado, a ausência de Sha'Carri Richardson nos Jogos Olímpicos de Tóquio, depois de ter sido suspensa por um mês devido a um teste antidoping positivo, relançou a questão em relação ao uso, ou não, da canábis no desporto. Na altura, e após vários pedidos, a Agência Mundial Antidoping (WADA) aceitou rever a proibição, mas no fim não alterou nada.

Esta sexta-feira, numa reunião da sua comissão executiva, a WADA decidiu manter a proibição porque o uso da droga "viola o espírito do desporto". Ainda assim, desde o ano passado, a suspensão por uso de drogas recreativas por atletas que testam positivo fora das competições foi reduzida de dois anos para de um a três meses.

"A WADA está consciente da diversidade de opiniões e perceções relacionadas com esta substância em todo o mundo, e mesmo dentro de certos países", disse o diretor geral Olivier Niggli. "A WADA planeia continuar a investigação nesta área em relação aos potenciais efeitos [da canábis] na melhoria do desempenho, o seu impacto na saúde dos atletas e também em relação às perceções dos atletas, peritos e outros em todo o mundo".

Enquanto que em alguns países a canábis é uma substância proibida que pode levar a uma pena de prisão, em outros é considerada apropriada para uso medicinal e, por isso, prescrita por médicos. Basta olhar para a situação da jogadora de basquetebol norte-americana Brittney Griner: nos Estados Unidos foi-lhe recomendado o uso da canábis medicinal para tratar a dor, mas na Rússia, onde a canábis é ilegal, acabou por ser condenada a nove anos de prisão.

A organização também anunciou que o analgésico tramadol será acrescentado à lista de substâncias proibidas para os atletas em competição a partir de 2024.

"O abuso do tramadol, com os seus riscos de dependência e overdoses na população em geral, é preocupante e tem levado a que seja uma droga controlada em muitos países", lê-se no comunicado da WADA.

Chris Kirkland, antigo guarda-redes inglês, contou este verão que ficou viciado no medicamento depois de o usar para tratar uma lesão nas costas. O consumo foi tal que levou o atleta a uma situação extrema, onde chegou a pensar em suicídio.